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Deputado Rodrigo Bacellar tem grande influência na segurança pública do Rio

Rodrigo Bacellar (União), deputado e presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), preso anteontem por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), exerce um poder que ultrapassa o Legislativo estadual. Sua influência alcança o governo Cláudio Castro (PL), especialmente na escolha de secretários, por meio de indicações diretas ou aprovação de nomes sugeridos por outros políticos.

Sua principal atuação é na Segurança Pública, destaque para o programa Segurança Presente, uma das maiores iniciativas de combate à violência no Rio. Bacellar é acusado de ter vazado a operação que resultou na prisão do então deputado Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Jóias, investigado por ligação com o Comando Vermelho.

Em 2023, em um momento de dificuldades financeiras para o governo do Rio, Bacellar mostrou sua força política. O Palácio Guanabara solicitou à Alerj autorização para usar R$ 4,5 bilhões dos fundos estaduais para evitar atraso na folha salarial e fechar o ano sem déficit. Bacellar deixou claro que aprovaria o projeto apenas com a troca do comando da Polícia Civil.

O governo cedeu. Menos de duas semanas após assumir, o então chefe da Polícia Civil, José Renato Torres, soube da demissão pela imprensa e pediu exoneração. Ele foi substituído por Marcus Amim, delegado próximo do ex-deputado estadual Márcio Canella (União) e apoiado por Bacellar.

Entretanto, a Lei Orgânica da Polícia Civil exigia no mínimo 15 anos de delegado para o cargo, requisito que Amim não cumpria. Cláudio Castro enviou rapidamente um projeto à Alerj para alterar essa regra, permitindo a nomeação. Em dois dias, a mudança foi aprovada com poucos votos contrários e sancionada.

Na época, Bacellar negou interferência direta, afirmando que não entende de Polícia Civil ou Militar, mas entende do povo e aprovou a escolha de Castro. Amim permaneceu quase um ano no comando e foi sucedido em setembro do ano passado por Felipe Curi, atual secretário de Polícia Civil.

Treze dias depois, Bacellar nomeou Amim para a Superintendência Militar da Alerj, cargo que ele ocupa até hoje. Bacellar continua influente na Polícia Civil, especialmente nas regiões Norte e Noroeste do estado, sua base eleitoral, indicando delegados para essas áreas.

Eleito deputado em 2018, chegou em 2021 ao primeiro escalão do governo, assumindo a Secretaria de Governo e a gestão do Segurança Presente, hoje com 58 bases distribuídas pelo estado. Saiu em 2022 para concorrer novamente à Alerj, mantendo influência sobre o programa.

Nos bastidores, políticos afirmam que Bacellar e Antônio Rueda, presidente nacional do União Brasil, indicaram André Moura como atual secretário de Governo. A Bacellar são atribuídas várias nomeações no programa, que conta com policiais militares em cargos de comando.

Adversários afirmam que, mesmo fora da Secretaria de Governo, Bacellar deseja usar o programa para impulsionar sua carreira política. Pré-candidato ao governo do Rio em 2026, sabe que Segurança Pública será tema central da campanha.

No primeiro semestre deste ano, quando era o principal candidato de Cláudio Castro à sucessão, Bacellar esteve no centro de um plano de expansão do Segurança Presente, esperando usar as inaugurações para associar sua imagem ao programa.

Questionado sobre sua influência no governo, o Palácio Guanabara declarou que Bacellar era “o nome escolhido pelo grupo político para a sucessão” e que sua participação nas decisões governamentais seria natural. Em inserções do União Brasil, ele divulgou os avanços do Segurança Presente e sua responsabilidade pelo aumento das bases.

Após um desentendimento com o governador em julho, Bacellar deixou de participar de eventos ligados ao programa, mas segue utilizando seu mandato para relacionar sua imagem ao Segurança Presente. Em agosto, ao anunciar propostas contra a violência, Castro foi antecipado por Bacellar, que apresentou à Alerj um projeto de lei com pontos semelhantes, marcando a iniciativa com seu nome.

Apesar do afastamento, Castro manteve no governo nomes indicados por Bacellar, como Roberta Barreto (Educação), Pedro Henrique de Oliveira Ramos (DER), e outras nomeações na Codin e AgeRio.

O governo do Rio não comentou as indicações quando procurado.

Créditos: Extra Globo

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