Alexandre Ramagem escapou do Brasil pela fronteira com a Guiana, confirma PF
O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) fugiu do território brasileiro de maneira clandestina pela fronteira com a Guiana, atravessando Roraima sem passagem por nenhum ponto de controle migratório. A informação foi detalhada pelo diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, nesta segunda-feira (15).
De acordo com a PF, após cruzar a fronteira, Ramagem embarcou no aeroporto de Georgetown, capital da Guiana, com destino aos Estados Unidos. As investigações mostram que ele entrou nos EUA utilizando um passaporte diplomático, mesmo com determinação para o cancelamento do documento.
Essa fuga ocorreu em setembro, no mesmo mês em que o Supremo Tribunal Federal (STF) condenou integrantes do núcleo central de uma trama golpista. Ramagem, ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), recebeu sentença de 16 anos, 1 mês e 15 dias de prisão pelos crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.
Em consequência da fuga, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, ordenou nesta segunda que a Secretaria Judiciária da Corte inicie o processo de extradição de Ramagem. Moraes também determinou o envio da documentação necessária ao Ministério da Justiça e Segurança Pública para formalizar o pedido, com base no Tratado de Extradição entre Brasil e Estados Unidos.
Segundo o diretor da PF, após o ocorrido, foram revistas as medidas relacionadas aos passaportes diplomáticos, incluindo o bloqueio desses documentos nos sistemas da PF e da Interpol. Rodrigues explicou que o cancelamento do passaporte é competência do Ministério das Relações Exteriores, que não mantém comunicação direta com a Interpol, fator que permitiu a saída do país.
No âmbito do Congresso, líderes da Câmara dos Deputados se reuniram para definir a pauta da semana. O líder do PL, Sóstenes Cavalcante, manifestou intenção de pedir adiamento da votação em plenário para o processo de cassação do mandato de Ramagem, inicialmente prevista para esta semana, conforme decisão do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB).
Sóstenes também afirmou que Ramagem pode adotar estratégia similar à da ex-deputada Carla Zambelli (PL-SP), que renunciou ao mandato para tentar manter a elegibilidade. Zambelli está presa na Itália, condenada por ordenação da invasão de sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Créditos: cbn.globo