Juiz Macário Júdice é preso por vazamento de informações a deputado Bacellar
A Polícia Federal indicou que o juiz do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), Macário Ramos Júdice Neto, pode ter sido o ponto de contato para o vazamento de dados sigilosos ao deputado estadual Rodrigo Bacellar (União Brasil-RJ), presidente afastado da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
De acordo com a investigação, Bacellar teria passado informações sobre a operação policial ao ex-deputado Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Joias, atualmente preso por supostos vínculos com o Comando Vermelho.
Júdice Neto, relator do processo que autorizou a prisão de TH Joias durante a Operação Zargun, teve sua prisão preventiva decretada na terça-feira (16).
A decisão foi tomada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que também afastou o juiz do cargo e encaminhou o caso ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Mensagens apreendidas nos aparelhos dos envolvidos revelaram, segundo a PF, um grau de intimidade entre Bacellar e Júdice Neto, evidenciado por expressões afetuosas que indicam confiança e lealdade.
A PF relata que houve um encontro entre os dois em uma churrascaria no Aterro do Flamengo em 3 de setembro de 2025, véspera da operação Zargun, momento em que TH Joias enviava mensagens ao deputado informando sobre sua fuga e destruição de provas.
Exemplos dessa proximidade incluem mensagens em 23 de outubro de 2025, quando Bacellar se refere a Júdice Neto como “irmão de vida” e afirma “Você eu levo pro caixão, meu irmão, nunca duvide disso”. Ambos trocavam figurinhas e expressões de amor e amizade.
A Polícia Federal destacou ainda a amizade entre Bacellar e o cantor Marcelo Pires Vieira, o Belo, que também possui relação próxima com o magistrado, citando mensagens e registros que comprovam encontros entre eles.
Além disso, a esposa de Júdice Neto teria sido nomeada para um cargo na diretoria-geral da Alerj no retorno do magistrado à magistratura.
Macário Júdice Neto esteve afastado da magistratura por cerca de 18 anos devido a suspeitas relacionadas à venda de decisões judiciais e envolvimento com o jogo do bicho. Segundo a PF, ele foi reintegrado após a prescrição de um processo disciplinar e promovido automaticamente a desembargador.
O advogado de Júdice Neto, Fernando Augusto Fernandes, afirmou que o ministro Moraes foi induzido a erro na decisão e que apresentará esclarecimentos nos autos, pleiteando a soltura imediata do juiz.
Rodrigo Bacellar foi detido no início de dezembro no mesmo caso, mas conseguiu liberdade após decisão da Alerj. Ele pediu licença do mandato e deve retornar em 2026.
A operação desta terça-feira também incluiu busca e apreensão na casa do chefe de gabinete de Bacellar em Campos dos Goytacazes.
A defesa do deputado, pelos advogados Daniel Bialski e Roberto Podval, declarou que Bacellar sempre esteve disponível para colaborar com as investigações, fornecendo esclarecimentos e atualizando seu endereço junto à Polícia Federal.
Créditos: Folha