ARTIGO: Linguagem neutra? Vá à merdes! Por Marcus Aragão
Não sei como um país que precisa se desenvolver em todas as áreas possíveis e imagináveis tem tempo para discutir questões tão supérfluas. Quando comparada com temas urgentes como saúde, educação e economia, a linguagem neutra é supérflua, sim.
Quem levanta essa bandeira deveria ter vergonha de tomar o tempo do legislativo ou judiciário com um assunto definitivamente não prioritário. Sei que as minorias tem questões legítimas e necessárias e as apoio totalmente, mas a linguagem neutra não consigo aderir. Às vezes, penso que isso só pode ser uma nuvem de fumaça para desviar o olhar do que realmente importa.
— Ora, vão à merdes!
Da mesma forma, qual a necessidade de debater, agora, o aborto na 22ª semana de gravidez? É crime, não é crime? Quem vem morrendo é nossa esperança do Brasil se recuperar. Cadê o projeto para aumentar a pena do estupro? Se inibissem mais o estupro, resolveria o problema na fonte — não precisaria abortar. Outra coisa, me parece covarde penalizar a vítima, uma menina muitas vezes pobre que sofre tamanho abuso dentro de casa e agora corre o risco de sofrer o abuso pelo Estado. E, hipocrisias à parte, sabemos que os abastados fizeram, fazem e farão abortos com toda estrutura e segurança.
O aborto na 22ª semana de gravidez vir à tona agora e com a urgência aprovada tão rápida pela Câmara Federal, seria a ânsia de colocar os holofotes na pauta de costumes, envolvendo aborto e religião? Quem concorda comigo, permaneça como está. Segue o artigo.
— Pauta de costumes é, muitas vezes, o costume da manipulação.
As eleições estão chegando? Que comecem os jogos! A pauta de costumes é frequentemente utilizada pela esquerda e pela direita para mobilizar as bases. A intenção é ativar emocionalmente os eleitores que se identificam com esses valores, aumentando sua participação na eleição — despertando paixões e o engajamento. Como falei alguns parágrafos acima, desviar o foco também é um objetivo. Tirar a atenção de questões econômicas ou políticas mais complexas ou menos favoráveis, concentrando o debate em temas mais facilmente compreensíveis e emocionalmente carregados.
Muitos políticos adoram pois, quando se levanta uma bandeira de costumes, cada grupo corre para sua trincheira e é só esperar os eleitores fervorosos como quem coloca açúcar e aguarda as formigas.
Não estou dizendo que não se deve debater os valores morais e comportamentais da sociedade. Só alerto para que fiquemos atentos, principalmente em ano eleitoral, para detectarmos as estratégias que visam apenas as vitórias nas urnas e não a construção de uma sociedade mais próspera e evoluída.
Marcus Aragão
@aragao01