Política
15:08

Sóstenes Cavalcante afirma que dinheiro em casa veio de venda de imóvel e fala em perseguição

Sóstenes Cavalcante, líder do PL na Câmara, declarou nesta sexta-feira (19) que os R$ 430 mil em espécie encontrados em sua residência referem-se à venda de um imóvel. Ele é investigado pela Polícia Federal por suposto desvio de recursos de cotas parlamentares usadas para aluguel de carros em Brasília. Segundo o deputado, a operação tem como alvo a direita brasileira, especialmente o grupo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Em coletiva que convocou, Sóstenes utilizou a expressão “não devo e não temo” para justificar seu posicionamento. Confirmou pagar um valor abaixo do mercado pelo aluguel de um Corolla e negou uso do recurso para lavagem de dinheiro.

O deputado buscou desviar o foco da investigação e mencionou a atuação da esquerda, afirmando estranheza com a operação ocorrendo após denúncias contra o filho do presidente Lula (PT) e pesquisas favoráveis ao senador Flávio Bolsonaro (PL) para a presidência.

Sóstenes citou que parlamentares de esquerda alugam carros por R$ 8 mil, sem que ele aponte irregularidade nisso. Ele esclareceu que prefere gastar menos, contratando a empresa responsável pelo aluguel do seu veículo. Reiterou que não há contratos ilícitos ou lavagem de dinheiro, qualificando a investigação como perseguição à direita.

Além disso, mencionou o suposto esquema de corrupção no INSS envolvendo o filho de Lula. Relatou conhecimento sobre lavagem de dinheiro, dizendo que quem faz isso não mantém recursos identificados em casa.

O deputado não revelou para quem vendeu o imóvel, afirmou que o valor encontrado era da venda total e que não lembra das datas de compra e venda, posicionamento respaldado pelos advogados nos autos do processo. Também declarou que pretende depositar o valor, mas não teve oportunidade devido à correria de fim de ano.

Reafirmou que o dinheiro é lícito e reforçou a ideia de perseguição ao ex-presidente Bolsonaro, dizendo que continuará firme e enfrentando a esquerda.

Sóstenes afirmou ainda que não é ele quem contrata os carros, apenas orienta a buscar preços baixos, destacando não conhecer outro aluguel de Corolla em Brasília com valor igual ao seu.

A entrevista ocorreu ao lado da deputada Bia Kicis (PL-DF), vice-líder do PL na Câmara, que também qualificou a operação como uma “cortina de fumaça” para encobrir casos de corrupção da esquerda.

Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), Carlos Jordy (PL-RJ) e outras cinco pessoas são investigados na operação Galho Fraco, que apura desvio de cotas parlamentares destinadas a despesas como aluguel de carros e alimentação.

O ministro do STF Flávio Dino autorizou a quebra do sigilo bancário dos dois deputados após a PF identificar movimentação de R$ 11,5 milhões em créditos e débitos, especialmente em 2023 e 2024. Muitas transações não têm origem ou destino identificados, e R$ 2,8 milhões foram enviados a pessoas não identificadas.

Foram detectados pagamentos de R$ 214 mil por Carlos Jordy e R$ 192 mil por Sóstenes.

A decisão judicial considerou interceptações onde assessores comentavam pagamento “por fora” no aluguel de carros. Em janeiro de 2024, Itamar de Souza Santana, secretário de Carlos Jordy, comunicou a locadora Harue Locação de Veículos sobre um pagamento não oficial. A PF aponta que a empresa emitia nota fiscal, recebia transferência e devolvia o valor em espécie.

Adailton Oliveira dos Santos, ex-assessor da liderança do PL, indicou em mensagens a participação de Sóstenes no esquema de desvio. Entre fevereiro e março de 2024, ele sugeriu valores para os aluguéis e afirmou que o deputado continuaria pagando “por fora”, além de mencionar uma diferença pendente entre a empresa e a equipe parlamentar.

A suspeita da PF baseia-se também na frota da Harue, que tem apenas cinco veículos registrados, insuficiente para justificar a movimentação financeira suspeita, especialmente em comparação com as empresas usadas pelos deputados no Rio de Janeiro, que contam com pelo menos 20 carros.

Créditos: Brasil de Fato

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