Sóstenes Cavalcante atribui operação da PF a perseguição política e justifica origem de dinheiro
O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), foi alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) na sexta-feira (19). Ele declarou que está sendo perseguido por suas posições políticas de direita e esclareceu que o dinheiro em espécie encontrado em seu endereço provém da venda de um imóvel.
Ação da PF cumpriu mandados de busca e apreensão contra Sóstenes e o deputado Carlos Jordy (PL-RJ), ambos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Cerca de R$ 430 mil foram apreendidos em espécie num endereço relacionado a Sóstenes.
Em entrevista, Sóstenes afirmou que a investigação não possui lógica e classificou a operação como parte de uma perseguição política contra Bolsonaro. Ele declarou: “Não basta prender um inocente. Querem eliminar a força política da direita e dos conservadores, tentando nos manchar com acusações de corrupção. Se pensaram que iriamos recuar, atacaram a pessoa errada. Seguiremos firmes”.
O deputado estranhou que a operação tenha ocorrido poucos dias depois do lançamento da candidatura presidencial do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
Sobre os R$ 430 mil em dinheiro, Sóstenes disse ter vendido um imóvel em Minas Gerais na semana anterior, cujo comprador optou por pagar em dinheiro. Ele explicou que ainda não depositou o valor devido à rotina intensa de trabalho, mas pretende regularizar a situação. O imóvel foi pago com dinheiro lícito, com documentação adequada, e está declarado em seu Imposto de Renda.
Ele não detalhou se o imóvel está em seu nome ou de familiares e disse não lembrar a data exata da compra e venda. Inicialmente, afirmou ter comprado o imóvel em 2020, porém corrigiu afirmando que a aquisição ocorreu após a eleição de 2022 e prometeu enviar os documentos oportunamente.
A operação, chamada “Galho Fraco”, foi autorizada pelo ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), e cumprida no Distrito Federal e Rio de Janeiro, sem ações nos gabinetes dos deputados em Brasília.
A PF investiga desvios de recursos originados das cotas parlamentares, usadas para despesas do mandato, como aluguel de escritórios e veículos. A suspeita é de que uma empresa de locação de carros contratada pelos deputados, paga com essas cotas, continuou recebendo pagamentos após sua dissolução irregular.
Sobre a locação dos carros, Sóstenes disse que não administra diretamente o contrato, que é gerido por seu gabinete. Ele negou lavagem de dinheiro por meio do contrato e afirmou que usa os veículos alugados, o que pode ser confirmado pelas câmeras da Câmara.
Ele explicou que alugava carros da empresa investigada, mas atualmente utiliza outra locadora que cobra valores menores, afirmando pagar o menor preço da Câmara.
Quanto à movimentação de R$ 11 milhões na conta de seu motorista, Sóstenes informou que o auxiliar possui outros negócios, como venda de bebidas e lojas. Ele também sugeriu que é possível verificar a condição financeira e o padrão de vida do motorista para avaliar a legitimidade dessas transações.
O bolsonarismo enfrenta conflitos em 2025, em meio à indefinição sobre candidaturas presidenciais e ao cumprimento da pena de Jair Bolsonaro. A operação e as investigações refletem esse contexto político conturbado.
Créditos: Folha de S.Paulo