Lula destaca amizade com Trump em meio a ofensiva dos EUA contra Venezuela
Na manhã deste sábado, 20, durante uma coletiva de imprensa, Lula destacou a sua relação com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmando: “Todos vocês pensaram que eu ia entrar em guerra com o Trump. O Trump virou meu amigo. Com um pouco de conversa, dois homens de 80 anos de idade não têm porque brigar. Então estamos conversando direitinho. Podem ficar certos de que tudo vai se acertar. Sem nenhum tiro, sem nenhuma arma, sem nenhuma bomba, sem nenhum navio bloqueando a costa brasileira.”
Esse novo nível de entendimento entre o governo brasileiro e o norte-americano ocorre em meio à maior escalada imperialista contra a América Latina em décadas, com a intervenção dos EUA na Venezuela. Atualmente, Trump bloqueou a saída de navios petroleiros da costa venezuelana, configurando um embargo econômico total assegurado por força militar ativa, impedindo que o principal produto do país caribenho seja comercializado internacionalmente.
Sob o pretexto do combate ao “narcoterrorismo”, os EUA têm afundado embarcações, estacionado navios e sequestrado cargueiros de petróleo nas águas venezuelanas do Caribe. Essa ofensiva busca pressionar a queda do governo Maduro e a instalação de uma administração alinhada aos EUA, ameaçando agravar ainda mais a crise econômica e social no país.
A declaração de Lula poderia ser confundida com a de Jair Bolsonaro, visto o contexto de forte política americana para retomar controle na região por meios militares. Essa postura evidencia que o governo brasileiro contribui para a ofensiva contra Venezuela e América Latina ao estreitar laços com Trump.
Embora Lula tenha declarado que “nenhum presidente deve dizer como vai ser a Venezuela” e que uma guerra na Venezuela seria catastrófica, sua postura acaba sendo cúmplice ao firmar uma posição de neutralidade. Isso visa não prejudicar os interesses da burguesia brasileira, que se prepara para entregar recursos estratégicos aos EUA, como ocorre com os financiamentos americanos para mineradoras brasileiras antes mesmo de acordos oficiais entre os governos.
Fica claro que a retórica de Lula sobre soberania nacional é apenas isso: retórica. Sua política favorece a instalação da interferência direta e militar dos EUA na região, o que poderá afetar o Brasil mais profundamente que ações econômicas anteriores.
É essencial repudiar a ofensiva dos EUA para impor controle sobre Venezuela e América Latina, sem apoio a Maduro, que usa os ataques para reforçar repressão interna. Nenhuma unidade nacional com as elites latino-americanas subordinadas aos EUA impedirá Trump. Só a mobilização independente dos trabalhadores e a ampla unidade anti-imperialista dos povos da região poderão romper esse domínio, descartando confiança em blocos como o chinês, que também possui projetos extrativistas na área.
Créditos: Esquerda Diário