Mercosul: Lula alerta para catástrofe e Milei apoia pressão dos EUA na Venezuela
Na cúpula do Mercosul realizada em Foz do Iguaçu, Brasil e Argentina mostraram posições divergentes quanto à situação na Venezuela. Autoridades dos países membros participaram da cerimônia oficial no mirante das Cataratas do Iguaçu.
O evento marcou o fim da presidência rotativa do Brasil no Mercosul, exercida por seis meses, com o presidente Lula entregando o comando ao paraguaio Santiago Peña.
Em seu discurso, Lula não citou diretamente os Estados Unidos ao fazer alusão às recentes ações militares americanas no mar do Caribe, classificando como uma catástrofe uma possível intervenção militar na Venezuela.
O presidente brasileiro lembrou o conflito de 1982 entre Argentina e Reino Unido pelas Ilhas Malvinas para destacar que a América do Sul está novamente sob a ameaça da influência militar de uma potência estrangeira.
Desde setembro, o governo dos Estados Unidos tem atacado embarcações que afirma estarem transportando drogas no Caribe, sem apresentar evidências para essas alegações.
Na terça-feira, o presidente dos EUA anunciou um bloqueio total a petroleiros que entram ou saem da Venezuela, sob sanções. Trump declarou que Nicolás Maduro utiliza os recursos do petróleo para financiar o tráfico de drogas e outras atividades criminosas.
O governo venezuelano qualificou o bloqueio como uma violação do direito internacional e uma ameaça grave.
Na mesma cúpula, o presidente argentino Javier Milei discordou da posição do brasileiro Lula.
Outro ponto de discordância entre Lula e Milei foi o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia. Milei criticou a demora na assinatura e sugeriu mudanças no formato do bloco regional.
Lula lamentou o adiamento da assinatura, prevista para 20 de dezembro, mas reafirmou o compromisso com as negociações da Europa, esperando um desfecho em janeiro.
A mudança foi influenciada pela pressão da Itália e França, onde grupos protecionistas defendem a reserva de mercado para agricultores locais, o que também levou a protestos recentes em Bruxelas, sede do Parlamento Europeu.
As negociações do acordo iniciaram-se há 26 anos.
Em 19 de dezembro, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente do Conselho Europeu, António Costa, enviaram carta a Lula lamentando a impossibilidade de assinatura no dia 20 e informando que trabalham para finalizar os processos internos necessários.
Eles reforçaram o compromisso de assinar o acordo no início de janeiro, em data a ser definida conjuntamente.
Lula informou que conversou com a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni, que assegurou a assinatura do país europeu.
Créditos: g1