Lula alerta para catástrofe humanitária com possível intervenção na Venezuela

Durante a reunião do Mercosul neste sábado (20), o presidente Lula destacou o risco de um conflito armado na América do Sul devido à ameaça de intervenção militar dos Estados Unidos na Venezuela. Essa ação poderia tentar derrubar o governo do presidente Nicolás Maduro e desencadear uma guerra de proporções imprevisíveis na região.

Lula lembrou que, após mais de quatro décadas desde a Guerra das Malvinas, a presença militar de uma potência extrarregional volta a assombrar o continente sul-americano, testando os limites do direito internacional. Ele afirmou que uma intervenção armada na Venezuela representaria uma catástrofe humanitária para o hemisfério e criaria um precedente perigoso para o mundo.

Atualmente, tropas americanas cercam o Mar do Caribe na fronteira venezuelana, sob a justificativa de combate ao narcotráfico. Há um bloqueio que impede a navegação de navios petroleiros venezuelanos, país que é um dos maiores produtores de petróleo do mundo.

O petróleo é essencial para a economia venezuelana e a ação dos EUA pode causar um estrangulamento financeiro ao país.

Desde setembro, cerca de 25 ataques a embarcações no Caribe foram realizados por forças militares dos EUA, resultando na morte de pelo menos 95 pessoas.

O presidente dos EUA, Donald Trump, declarou que a Venezuela está cercada pela maior armada já reunida na história da América do Sul, que continuará crescendo. Ele afirmou que o choque para a Venezuela será algo nunca antes visto, até que o país devolva aos Estados Unidos o petróleo, terras e outros bens que eles consideram terem sido roubados.

Esse panorama elevou a tensão e levantou dúvidas sobre os reais interesses dos EUA em mudar o regime venezuelano, além da justificativa oficial de combater o narcotráfico.

Em entrevista no Palácio do Planalto, Lula afirmou que falou por telefone com Maduro e Trump para buscar uma solução diplomática. Ele disse ter orientado Maduro a indicar como o Brasil poderia ajudar e conversou com Trump para expressar o interesse brasileiro em dialogar com a Venezuela, os EUA e outros países, a fim de evitar um conflito armado na América Latina.

Lula destacou que a negociação sem guerra era possível e manifestou preocupação com os interesses ocultos por trás da ameaça, questionando quais seriam as reais motivações para derrubar Maduro.

O presidente também afirmou que pretende ligar novamente para Trump antes do Natal e que alertou o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para estar próximo ao Brasil nas próximas semanas, caso a situação evolua para um cenário mais grave.

Créditos: Agencia Brasil