Internacional
12:05

EUA apreendem segundo petroleiro venezuelano com destino à China

Os Estados Unidos apreenderam um segundo navio petroleiro na proximidade da costa da Venezuela no sábado (20), embarcação esta que estava com destino à China, conforme informou a agência Reuters.

Esta é a segunda operação desse tipo realizada pelos EUA desde o início da campanha de pressão do governo Trump contra o regime de Nicolás Maduro. Esta campanha inclui ampla mobilização militar no mar do Caribe, além de sobrevoos de jatos e ataques a embarcações. A primeira apreensão aconteceu em 10 de dezembro e intensificou a tensão entre os dois países.

Em 16 de dezembro, o presidente Donald Trump anunciou um bloqueio completo a petroleiros sancionados que partem da Venezuela, afirmando que o país está totalmente cercado militarmente. Esta postura foi vista por analistas como um aumento nas ameaças americanas, enquanto o governo Maduro declarou que as afirmações são “ameaças grotescas” e “absolutamente irracionais”.

Segundo a Reuters, o petroleiro Centuries fazia parte da chamada “frota fantasma” da Venezuela, composta por navios que usam artifícios como bandeiras estrangeiras ou nomes falsos para esconder o transporte de petróleo venezuelano e assim evitar sanções internacionais. Esta tática também é adotada por países como Rússia e Irã.

De acordo com a organização Transparência Venezuela, 40% dos navios que transportam petróleo bruto venezuelano operam em situação irregular.

O Centuries deixou as águas venezuelanas na quarta-feira, tendo sido brevemente escoltado pela marinha do país, e depois foi detido em águas internacionais a oeste da ilha de Barbados, conforme informações da Reuters e imagens obtidas pelo TankerTrackers.com.

Documentos indicam que o petróleo foi vendido à Satau Tijana Oil Trading, uma entre várias intermediárias relacionadas às vendas da PDVSA para refinarias chinesas independentes.

Em resposta ao bloqueio imposto por Trump, o governo Maduro declarou que a exportação de petróleo e a navegação dos petroleiros seguem normalmente, com navios recebendo escolta da Marinha venezuelana.

Fontes da Reuters afirmam que Maduro autorizou na quinta-feira a saída de dois petroleiros rumo à China, cada um transportando cerca de 1,9 milhão de barris de petróleo cru.

A apreensão do navio pelos EUA ocorreu no início da madrugada de sábado, tendo um vídeo da ação sido divulgado pela secretária da Segurança Interna americana, Kristi Noem.

A Venezuela condenou a apreensão, denunciando-a como um “grave ato de pirataria internacional” e alertando que essas ações dos EUA “não ficarão impunes”.

A primeira apreensão foi em 10 de dezembro, e uma semana depois Trump anunciou o bloqueio a petroleiros venezuelanos, alegando que o país estava completamente cercado.

Maduro chamou o ato de “interferência brutal” de Washington.

Pouco depois da primeira apreensão, a Rússia reafirmou seu apoio a Maduro e alertou sobre possíveis “consequências imprevisíveis para o Ocidente” diante da crise.

O Conselho de Segurança da ONU marcou reunião para discutir a escalada de tensões entre EUA e Venezuela na próxima terça-feira.

A Venezuela possui a maior reserva comprovada de petróleo do mundo, com cerca de 303 bilhões de barris, segundo a Energy Information Administration (EIA) dos EUA, superando Arábia Saudita e Irã.

Grande parte do petróleo venezuelano é extra-pesado, exigindo tecnologia avançada e altos investimentos para extração.

Segundo a EIA, o petróleo pesado venezuelano é adequado para as refinarias americanas, especialmente as localizadas na Costa do Golfo.

A estratégia do governo Trump busca beneficiar a economia dos EUA enquanto pressiona a produção e exportação venezuelana, setor crucial para Maduro.

Recentemente, houve relatos da Bloomberg de capacidade reduzida em Caracas para armazenar petróleo, em meio a medidas para impedir embarques e chegadas a portos venezuelanos.

Desde as sanções americanas ao setor energético venezuelano em 2019, compradores de petróleo têm recorrido à “frota fantasma” que oculta suas atividades, similar ao uso de embarcações sancionadas para petróleo do Irã e Rússia.

A China é o maior importador do petróleo venezuelano bruto, representando cerca de 4% de suas importações. Em dezembro, os embarques para a China estão estimados em mais de 600 mil barris diários.

Caso o embargo continue, a redução na oferta de quase um milhão de barris diários pode elevar os preços do petróleo.

Os ataques a petroleiros ocorrem em paralelo à ordem de Trump para que o Departamento de Defesa realize operações contra embarcações no Caribe e Pacífico que supostamente contrabandeiam fentanil e outras drogas.

Pelo menos 104 pessoas morreram em 28 ataques conhecidos desde o início de setembro.

A chefe de gabinete da Casa Branca, Susie Wiles, declarou que Trump “quer continuar destruindo barcos até Maduro se render”.

Créditos: g1

Modo Noturno