Internacional
15:06

EUA interceptam terceiro petroleiro perto da Venezuela, diz Maduro

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, declarou neste domingo (21) que seu país enfrenta “uma campanha de agressão de terrorismo psicológico e de corsários que assaltaram petroleiros”.

Maduro não mencionou especificamente a apreensão do terceiro navio petroleiro pelos Estados Unidos, nem está claro se seu comentário foi uma resposta direta à ação americana do dia.

Os corsários citados por Maduro são marinheiros armados autorizados por um governo para atacar navios e portos inimigos em tempos de guerra, compartilhando os lucros com o Estado que os comissionou. Eles diferem dos piratas, que atuam por conta própria, e foram comuns entre os séculos XV e XIX, período das grandes navegações.

As agências Bloomberg e Reuters relataram que a Guarda Costeira dos EUA interceptou neste domingo um terceiro petroleiro próximo à costa da Venezuela, o Bella 1. Até a última atualização da reportagem, o governo Trump não se pronunciou sobre essa nova apreensão.

Caso confirmada, será a segunda apreensão de navios petroleiros próxima à Venezuela apenas neste fim de semana, e a terceira em pouco mais de dez dias. O petroleiro Centuries foi apreendido no sábado (20) e o Skipper, em 10 de dezembro. Essas ações fazem parte da estratégia de pressão dos EUA contra o regime de Nicolás Maduro.

Segundo a Bloomberg, o Bella 1 ostentava bandeira panamenha e seguia rumo à Venezuela para carregamento. A Reuters informou que o navio estava em águas internacionais e que a Guarda Costeira americana o perseguia, sem muitos detalhes.

Um oficial disse à Reuters que o petroleiro apreendido neste domingo estava sob sanções econômicas, alinhado ao “bloqueio total” de embarcações do tipo anunciado pelo presidente Donald Trump na terça-feira anterior. A embarcação apreendida no sábado, contudo, não constava nessa lista de sanções.

Recentemente, o presidente Trump anunciou um bloqueio a todos os petroleiros sancionados que estão entrando ou saindo da Venezuela, ação interpretada por analistas como um aumento da pressão americana.

O governo venezuelano ainda não se manifestou sobre a captura deste domingo. Antes, classificou o bloqueio americano como uma “ameaça grotesca” e “pirataria internacional”, afirmando que as apreensões “não ficarão impunes”.

A apreensão dos petroleiros integra a campanha de pressão dos EUA contra Maduro, que inclui mobilização militar no Caribe, sobrevoos no espaço aéreo venezuelano e ataques a embarcações. Essas ações visam estrangular a economia venezuelana, aprofundando a escalada das tensões entre os dois países.

A Venezuela possui a maior reserva comprovada de petróleo do mundo, cerca de 303 bilhões de barris, de acordo com a Energy Information Administration (EIA) dos EUA, superando Arábia Saudita e Irã. Entretanto, grande parte de seu petróleo é extra-pesado, demandando tecnologia avançada e investimentos para extração.

O petróleo venezuelano pesado é especialmente adequado para as refinarias americanas na Costa do Golfo, conforme a EIA, o que torna a pressão sobre a Venezuela também uma estratégia para beneficiar a economia dos Estados Unidos.

Desde 2019, com as sanções americanas ao setor energético venezolano, comerciantes e refinarias passaram a usar uma “frota fantasma” de navios-tanque para ocultar suas localizações, incluindo embarcações sancionadas que transportam petróleo do Irã ou da Rússia.

A China é a maior compradora do petróleo bruto venezuelano, que representa cerca de 4% de suas importações, com embarques em dezembro estimados em mais de 600 mil barris por dia.

Se as sanções permanecerem, a perda de quase um milhão de barris diários pode pressionar para cima os preços internacionais do petróleo.

Paralelamente, Trump autorizou ataques a embarcações no Caribe e no Pacífico que, segundo a administração, estariam contrabandeando fentanil e outras drogas ilegais para os EUA. Desde setembro, 28 ataques causaram a morte de pelo menos 104 pessoas.

A chefe de gabinete da Casa Branca, Susie Wiles, declarou à Vanity Fair que Trump “quer continuar explodindo barcos até Maduro gritar ‘tio'”.

Créditos: g1

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