Internacional
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Por que o governo Trump pressiona a Venezuela: entenda os motivos

Os Estados Unidos intensificaram sua pressão militar no Caribe e contra o governo de Nicolás Maduro na Venezuela.

Na última semana, o presidente Donald Trump reforçou o cerco ao país sul-americano ao anunciar um bloqueio para todos os navios sancionados que entram e saem da Venezuela. Trump já havia declarado que o espaço aéreo venezuelano está fechado e tem ameaçado ataques terrestres contra o regime.

De acordo com Washington, a medida visa combater grupos criminosos que trafegam drogas para os EUA, mas diversos outros fatores influenciam a atuação americana na região. Veja alguns pontos:

Em outubro, o governo Trump informou o Congresso que estava em “conflito armado” com os cartéis de drogas, apontando Maduro como figura central no fornecimento de drogas ilegais que causam mortes nos EUA. O governo chavista nega essas acusações.

Os EUA também classificaram como organizações terroristas a gangue venezuelana Tren de Aragua e o Cartel de los Soles, suposto grupo criminoso associado a autoridades venezuelanas. Caracas rejeita a existência do Cartel de los Soles e sua ligação com crimes.

Em 2020, durante o primeiro mandato de Trump, o Departamento de Justiça dos EUA indiciou Maduro por narcoterrorismo.

Dados americanos indicam que a Venezuela é rota de trânsito de cocaína para Europa e EUA, além de ser refúgio para traficantes, embora não seja fonte de fentanil, droga ligada à maior parte das overdoses nos EUA.

Neste mês, Trump divulgou sua Estratégia de Segurança Nacional, na qual defende o retorno à Doutrina Monroe do século XIX, que considera o Hemisfério Ocidental como zona de influência dos EUA.

A estratégia prioriza o hemisfério ocidental na política externa americana e busca conter o acesso da China a instalações militares e recursos minerais estratégicos.

Sob as sanções dos EUA, o governo Maduro firmou acordos de energia e mineração com China, Irã e Rússia.

Uma mudança de governo na Venezuela pró-EUA poderia fortalecer a influência americana na região.

Maria Corina Machado, líder da oposição e vencedora do Prêmio Nobel da Paz, declarou apoio integral à estratégia de Trump, afirmando que finalmente a Venezuela foi colocada como prioridade para a segurança nacional dos EUA.

Maduro acusa os EUA de interesse no petróleo venezuelano, atualmente majoritariamente vendido à China. A Venezuela detém as maiores reservas comprovadas de petróleo no mundo, e o acesso a esse recurso pode ser moeda de troca para Maduro nas negociações com Trump, defensor da indústria dos combustíveis fósseis.

Algumas empresas ocidentais, como a Chevron dos EUA, operam com licença especial na Venezuela. Porém, a indústria petrolífera do país está defasada, com produção baixa, e as sanções dificultam investimentos e a obtenção de equipamentos.

Analistas avaliam que além do petróleo, o alinhamento da Venezuela com China e Rússia preocupa os EUA.

Especialistas consideram incompatível com a visão de Trump que um país rico em recursos naturais no continente americano tenha como principais aliados essas potências.

Aliados políticos de Trump, como o secretário de Estado Marco Rubio, defendem medidas rígidas contra Cuba, e veem no regime de Maduro e seu petróleo o suporte ao governo cubano em Havana. Esperam que a mudança na Venezuela enfraqueça Cuba.

A administração Trump também tenta revogar o status legal de centenas de milhares de imigrantes venezuelanos nos EUA, parte de sua política de deportação em massa prometida na campanha para a presidência em 2024.

A população venezuelana nos EUA cresceu quase 600% entre 2000 e 2021, passando de 95 mil para 640 mil, segundo análise do Pew Research Center baseada em dados do Censo americano.

Estabilizar a Venezuela também poderia reduzir a migração venezuelana para os EUA em busca de melhores condições de vida.

Créditos: CNN Brasil

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