Internacional
06:05

China condena apreensão de navios dos EUA perto da Venezuela como violação do direito internacional

Nesta segunda-feira (22), a China declarou que a apreensão arbitrária de navios de outros países pelos Estados Unidos representa uma séria violação do direito internacional. Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores reiterou a posição do país contra todas as sanções unilaterais e ilegais impostas pelos EUA.

Durante uma coletiva de imprensa, o porta-voz também destacou que a Venezuela possui o direito de estabelecer relações com outras nações. A ação americana mais recente aconteceu no domingo (21), quando os EUA interceptaram um terceiro navio petroleiro próximo à costa venezuelana, segundo informações das agências Bloomberg e Reuters.

A Bloomberg informou que o navio interceptado chama-se Bella 1 e que forças norte-americanas já embarcaram na embarcação. Já a Reuters relatou que o navio está sendo perseguido e fora interceptado, porém a abordagem ainda não teria ocorrido até o momento da reportagem. Detalhes como data e local exatos da interceptação não foram divulgados.

Conforme a Bloomberg, o petroleiro navegava com bandeira panamenha e seguia para a Venezuela para carregamento. Um oficial norte-americano informou à Reuters que o navio está sob sanções, navega com bandeira falsa e que interceptações podem ocorrer por meio de aproximação de navios ou aeronaves, não necessariamente com embarque.

Outro oficial declarou à Reuters que o petroleiro interceptado no domingo está sujeito a sanções econômicas alinhadas ao “bloqueio total” anunciado pelo então presidente Donald Trump, que visa navios deste tipo. Entretanto, o petroleiro apreendido no sábado anterior não constava na lista oficial de sanções dos EUA.

Após a nova interceptação ser divulgada, o presidente venezuelano Nicolás Maduro comentou que seu país enfrenta uma “campanha de agressão de terrorismo psicológico e corsários que assaltaram petroleiros”, embora não tenha ficado claro se o comentário se referia especificamente à ação recente.

Até o fechamento da reportagem, o governo Trump não se pronunciou sobre a interceptação deste domingo. Além deste barco, foram apreendidos anteriormente o Centuries, no sábado (20), e o Skipper, no dia 10 de dezembro.

Recentemente, Trump anunciou o bloqueio total contra petroleiros sancionados que entram ou saem da Venezuela, medida que analistas interpretaram como elevação das ameaças dos EUA.

O governo venezuelano não comentou sobre a apreensão mais recente até o momento da atualização. No passado, o regime de Maduro qualificou o bloqueio como uma “ameaça grotesca”, “pirataria internacional” e declarou que as apreensões “não ficarão impunes”.

A apreensão dos petroleiros integra a campanha do governo Trump para pressionar o regime venezuelano, envolvendo mobilização militar no Caribe, sobrevoos em espaços aéreos venezuelanos e ataques a embarcações. Essas medidas buscam restringir a economia da Venezuela e intensificam as tensões entre os países.

A Venezuela possui as maiores reservas comprovadas de petróleo no mundo, estimadas em cerca de 303 bilhões de barris, superando Arábia Saudita e Irã, segundo a Energy Information Administration (EIA) dos Estados Unidos. Apesar do grande volume, grande parte do petróleo venezuelano é extra-pesado, exigindo tecnologia avançada para sua extração.

Esse petróleo pesado é particularmente adequado para refinarias norte-americanas, principalmente as localizadas na Costa do Golfo. Assim, as sanções americanas visam simultaneamente beneficiar a economia dos EUA e prejudicar a produção e exportação da Venezuela, que é crucial para o governo Maduro.

Dentre os efeitos destas políticas, reportagens indicam que Caracas já apresenta dificuldade para armazenar petróleo, devido às restrições impostas pelos EUA para o atracamento e saída de navios venezuelanos.

Desde a imposição das sanções ao setor energético da Venezuela em 2019, compradores têm utilizado uma “frota fantasma” de navios-tanque para ocultar operações, além de embarcações sancionadas que transportam petróleo do Irã ou Rússia.

A China é o principal comprador do petróleo bruto venezuelano, que representa cerca de 4% das importações chinesas. Estimativas indicam que, em dezembro, os embarques devem ultrapassar 600 mil barris por dia.

Se o embargo continuar, a redução de quase um milhão de barris diários na oferta mundial deve pressionar os preços do petróleo para cima.

Estas ações ocorrem num contexto no qual o Departamento de Defesa dos EUA realiza ataques contra embarcações no Caribe e no Oceano Pacífico, acusadas de contrabandear drogas como fentanil para os Estados Unidos.

Desde setembro, pelo menos 104 pessoas morreram em 28 ataques conhecidos a navios, em cumprimento a ordens da administração Trump.

A chefe de gabinete da Casa Branca chegou a afirmar em entrevista que o presidente Trump deseja continuar atacando embarcações até que Maduro ceda.

Créditos: g1

Modo Noturno