Ações Argentinas sobem após vitória de Milei nas eleições legislativas
Poucos minutos depois da confirmação da vitória do governo de Javier Milei nas eleições legislativas da Argentina na noite de domingo (26), o mercado reagiu positivamente. As ações das empresas argentinas negociadas no exterior registraram alta no período overnight, que compreende o intervalo entre o fechamento da Bolsa de Valores e a reabertura no dia seguinte, além de mercados globais em atividade.
A YPF, estatal de energia e maior produtora de petróleo do país, valorizou-se 12%. O banco Galícia e o Banco Supervielle subiram 12,9% e 15,16%, respectivamente.
Logo após o fechamento das urnas, diante dos primeiros sinais de que o partido La Libertad Avanza, liderado por Milei, conquistaria a maioria, a cotação do dólar cripto caiu 137 pesos em pouco mais de dez minutos, passando a valer 1.420 pesos, abaixo dos 1.551 registrados na tarde de sexta-feira (24). O dólar cripto é o único tipo de dólar negociado 24 horas por dia.
A cotação de 1.515 pesos supera a banda estabelecida pelo governo, que vai de 1.400 a 1.500 pesos.
Antes da votação, havia incerteza sobre a continuidade da política de bandas de flutuação do dólar, apesar das garantias governamentais de que não haveria alterações independentemente do resultado eleitoral.
Nas eleições, fundamentais para a plataforma reformista e liberalizante de Milei na economia, ele obteve 40,84% dos votos e surpreendeu ao vencer também na província de Buenos Aires. La Libertad Avanza aumentou sua bancada na Câmara de 37 para 101 deputados e no Senado de seis para 20 membros.
Em seu discurso de vitória, Milei afirmou que o país passou por um ponto de inflexão e destacou a necessidade de aprofundar o caminho reformista. Ele citou os desafios enfrentados nos primeiros dois anos, como o risco de hiperinflação, desequilíbrio monetário e problemas sociais, e reafirmou seu compromisso de diminuir o tamanho do Estado na economia.
“Estamos comprometidos a fazer da Argentina o país mais livre do mundo”, declarou.
Milei também indicou intenção de formar alianças com partidos de centro que não estejam alinhados com o kirchenismo, ao qual criticou por encarar a economia de forma equivocada.
O resultado eleitoral pode ainda melhorar os índices de risco do país perante agências internacionais. O banco J.P. Morgan, que realizou reunião anual em Buenos Aires, declarou que um resultado entre 35% e 36% seria positivo pela estabilidade que traria à política econômica.
Fernando Camusso, diretor da Rafaela Capital, explicou que isso proporciona ao governo maior liberdade para agir economicamente, especialmente na área cambial, e espera valorização dos títulos públicos e correção no dólar e no mercado de futuros. Segundo ele, este resultado não estava previsto e o mercado estava muito negativo e totalmente dolarizado.
O governo dos Estados Unidos também receberá a vitória legislativa de Milei com aprovação, considerando-o principal aliado na América do Sul. O ex-presidente Donald Trump chegou a afirmar que os EUA não perderiam tempo caso a oposição tivesse vencido.
Desde 9 de outubro, Washington tem realizado compras diretas de peso para estabilizar a moeda argentina, estimadas em cerca de US$ 400 milhões, além de terem firmado um acordo cambial de US$ 20 bilhões entre os dois países.
Scott Bessent, secretário do Tesouro dos EUA, reafirmou que o Tesouro americano acompanha os mercados e tem capacidade para agir com flexibilidade para estabilizar a Argentina.
Havia uma promessa de até US$ 40 bilhões em fundos públicos e privados para ajudar o país a superar as dificuldades econômicas. Milei visitou a Casa Branca no dia 14 de outubro em sinal de agradecimento.
Créditos: Folha de S.Paulo