Alarmes não dispararam em incêndio que matou 128 em Hong Kong
O Corpo de Bombeiros de Hong Kong concluiu que os alarmes de incêndio nas oito torres residenciais do conjunto Wang Fuk Court não funcionaram após a reforma. O incêndio causou ao menos 128 mortes.
Testes dos bombeiros confirmaram relatos de moradores que escaparam das chamas e disseram não ter ouvido os alarmes. O diretor do Corpo de Bombeiros, Andy Yeung Yan-kin, informou que a corporação pretende processar a empresa responsável pela reforma devido ao mau funcionamento dos equipamentos.
Entre os 128 mortos, 108 foram encontrados nos prédios e 80 corpos não puderam ser identificados, conforme afirmou o secretário de Segurança de Hong Kong, Chris Tang Ping-keung, que não detalhou os motivos. Cerca de 200 pessoas permanecem desaparecidas, incluindo os não identificados.
Tang afirmou que a possibilidade de encontrar mais corpos não está descartada, à medida que a polícia realiza investigações detalhadas nos prédios. Os esforços de resgate foram finalizados, e o número de feridos chegou a 79, incluindo 12 bombeiros.
Segundo Tang, “a meta agora é garantir que a temperatura do prédio diminua para que a polícia possa coletar evidências quando estiver seguro”.
Em 2024, moradores haviam sido informados pelas autoridades que os riscos de incêndio eram relativamente baixos, mesmo após reclamações sobre os perigos das obras de renovação. As preocupações incluíam o material inflamável da malha protetora verde usada nos andaimes de bambu, segundo o Departamento do Trabalho da cidade.
Durante o combate ao incêndio, familiares das vítimas precisaram analisar fotografias dos mortos feitas pelos socorristas para identificação. Mirra Wong, residente local, procurava notícias do pai desaparecido entre os corpos.
Outra moradora, que preferiu não se identificar, relatou que a esposa de um amigo está desaparecida e demonstrou descrença quanto à possibilidade de sobreviventes, ressaltando a dor da situação.
Doações para um fundo de auxílio às vítimas já superaram US$ 100 milhões.
O incêndio iniciou-se em Wang Fuk Court, um complexo residencial próximo à fronteira de Hong Kong com a China continental, composto por oito blocos e cerca de 2.000 unidades habitacionais. O conjunto integra um programa local de habitação subsidiada e foi inaugurado em 1983.
A polícia declarou que os prédios estavam cobertos por telas e plásticos que não seguiam normas de segurança contra incêndio, e janelas de um prédio não afetado foram seladas com espuma colocada por uma empresa que realizava manutenção.
A superintendente da polícia de Hong Kong, Eileen Chung, acusou os responsáveis pela construção de negligência grave, atribuída como causa do desastre e da propagação descontrolada do fogo, resultando em numerosas vítimas.
Além dos dois diretores da empresa capturados anteriormente, seis outras pessoas suspeitas de envolvimento nas reformas foram detidas pela Comissão Independente contra a Corrupção de Hong Kong.
Este incêndio é o mais letal registrado na cidade desde 1948, quando um fogo em um armazém causou 176 mortes.
A investigação segue em andamento para esclarecer todos os fatos relacionados ao acidente.
Créditos: Folha de S.Paulo