Alexandre de Moraes liga para Jorge Messias e deseja sucesso para sabatina no STF

Alexandre de Moraes sempre manifestou apoio ao ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para a vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). Contudo, surpreendeu ao telefonar para o advogado-geral da União (AGU), Jorge Messias, indicado pelo presidente Lula, desejando-lhe sucesso na difícil busca por apoio político até a sabatina no Senado, marcada para 10 de dezembro.

Segundo interlocutores de Messias, a ligação foi cordial e serviu para que ele solicitasse ao magistrado ajuda para superar resistências principalmente do presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (União-AP). A ideia é que Moraes auxilie na construção de uma solução política para essa situação delicada, como explicou uma fonte envolvida na articulação de votos para Messias.

Apesar disso, Messias não observou ações concretas de Moraes em seu favor após a conversa, o que é visto como uma surpresa nesta etapa da indicação. Entre os dez ministros do STF, apenas Flávio Dino não gerou nem uma ligação de cortesia ao indicado.

No STF, o apoio mais explícito partiu do decano Gilmar Mendes, que embora contrário inicialmente ao nome do AGU, anunciou que atuaria em sua defesa, assim como os ministros André Mendonça e Kassio Nunes Marques. Os dois indicados ao Supremo pelo ex-presidente Jair Bolsonaro se dispuseram a ajudar a superar resistências da ala conservadora do Congresso.

A maior resistência no tribunal sempre foi de Alexandre de Moraes, postura que Messias inicialmente minimizou como “futricas”, mas depois reconheceu como verdadeiras. Próximo da votação no Senado, Messias afirma manter alguma proximidade com o desafeto do clã Bolsonaro e que, se solicitado, receberia dele um voto público de apoio.

Messias, que ganhou destaque nacional após revelação na Operação Lava-Jato de gravação da então presidente Dilma Rousseff orientando Lula a assumir a Casa Civil, tem 45 anos. Ele foi escriturário da Caixa, procurador do Banco Central, subchefe de Assuntos Jurídicos da Presidência e procurador da Fazenda Nacional até assumir como advogado-geral da União no terceiro mandato de Lula.

Portador do documento que quase blindou Lula na caneta de Sergio Moro em 2016, Messias sempre esteve ligado à esquerda e também é evangélico. O presidente Lula aposta nele para construir pontes no segmento evangélico, que hoje tem inclinações variadas, incluindo apoio a políticos próximos a Bolsonaro.

O caminho de Messias à vaga no STF está repleto de desafios, especialmente enfrentados pelo senador Alcolumbre, que tinha Rodrigo Pacheco como candidato preferido e reclama por não ter sido consultado. Alcolumbre, que aumentou seu poder com a transferência de recursos para emendas parlamentares obrigatórias, conduz um boicote contra Messias, recusando-se a dialogar com ele ou representantes do Planalto.

Reconhecido por resolver problemas, o senador atribui a si participação em importantes derrotas como a queda da PEC da Blindagem, que limitava investigações contra parlamentares. Desde a indicação de Messias, Alcolumbre mantém a resistência, dificultando a articulação política necessária para a confirmação do AGU no Supremo.

Créditos: Veja Abril