Política
07:06

Aliados de Bolsonaro comparam prisão a Lula e torcem por permanência na PF

Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) têm feito um paralelo com a prisão do presidente Lula (PT) durante a Lava Jato para manifestar a expectativa de que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mantenha Bolsonaro na Superintendência da Polícia Federal em Brasília.

Lula ficou preso na superintendência da PF em Curitiba por 580 dias, sendo solto em 2019. Seguidores do ex-presidente citam esse fato ao comentar a situação atual e avaliam que Moraes poderia optar por um tratamento equivalente para Bolsonaro. Eles afirmam que, caso o ministro decida pela transferência de Bolsonaro para um presídio, a opinião pública poderia se solidarizar mais com eles.

O principal receio é que Bolsonaro seja enviado ao regime fechado na Papuda, prisão do Distrito Federal, já que a chefe de gabinete de Moraes visitou recentemente o local. Contudo, há consenso no entorno do ex-presidente de que a decisão do magistrado é imprevisível.

A defesa, aliados e parlamentares intensificaram argumentos sobre a deterioração do estado de saúde de Bolsonaro, pedindo a volta para prisão domiciliar. Na sexta-feira anterior à prisão preventiva, seus advogados alegaram risco à vida caso saísse de casa.

Além disso, consideram que uma transferência para um estabelecimento militar seria o segundo melhor cenário, ainda que improvável até mesmo para eles. Por isso, torcem para que Bolsonaro permaneça na superintendência.

Esse tipo de unidade na PF é conhecido como sala de Estado-Maior, onde não há convívio com outros presos e oferece maior conforto que um presídio comum. A cela de Bolsonaro tem 12 m², com televisão, ar-condicionado, banheiro privado e escrivaninha.

A instalação é provisória. Inicialmente, não havia atendimento médico, que foi autorizado por Moraes posteriormente. Médicos do ex-presidente expressaram preocupação com a falta de espaço para exercícios, o que pode ser tema para demanda futura da defesa.

A alimentação é feita pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, entregue diariamente por auxiliares segundo normas da PF, em vasilhas transparentes.

Moraes autorizou visitas sem prévia aprovação dos advogados e médicos de Bolsonaro. No domingo (23), ele esteve com Michelle por meia hora e esteve programado para encontrar os filhos Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Jair Renan (PL) na terça (25).

Eduardo Torres, cunhado de Bolsonaro e pré-candidato a deputado federal, também levou itens pessoais e remédios ao ex-presidente, chegando ao prédio com uma bolsa térmica na segunda-feira.

Bolsonaro foi preso preventivamente no sábado (22) em Brasília, na fase final do processo que envolve a trama golpista no STF. Vídeos e relatório da Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal mostram Bolsonaro admitindo tentativa de violar a tornozeleira eletrônica.

Ele estava sob prisão domiciliar desde 4 de agosto e foi preso pela PF para garantir a ordem pública diante da tentativa de violação da tornozeleira e por causa de uma vigília convocada por Flávio Bolsonaro.

Integrantes do STF indicam que a decisão sobre prisão definitiva pode ocorrer já na terça-feira (25), caso Moraes entenda que segunda rodada de recursos seria apenas protelatória e incapaz de modificar o julgamento.

Moraes pode negar recursos individualmente, determinar início do cumprimento da pena e encaminhar o caso para a Primeira Turma do STF, considerando seu histórico de decisões e a jurisprudência vigente sobre embargos de declaração e infringentes.

Assim, a expectativa se baseia na rapidez habitual de Moraes e nos instrumentos legais disponíveis para a defesa do ex-presidente.

Créditos: Folha de S.Paulo

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