Antonio Carlos Rodrigues foi o único do PL a assinar cassação de Eduardo Bolsonaro e Ramagem

O deputado federal Antonio Carlos Rodrigues (PL-SP) foi o único parlamentar do Partido Liberal (PL) que apoiou a cassação dos mandatos dos deputados Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Alexandre Ramagem (PL-RJ). A decisão, tomada pela Mesa Diretora da Câmara dos Deputados em 19 de dezembro de 2025, não foi levada ao plenário para votação.

Antonio Carlos Rodrigues é conhecido por ter posições divergentes dentro do PL. No ano anterior, ele chegou a ser expulso do partido por criticar o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e defender o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, principalmente após sanções americanas aplicadas ao Brasil. No entanto, essa expulsão foi revertida.

Sóstenes Cavalcante, líder do PL na Câmara, manifestou críticas à decisão da Mesa Diretora e lamentou o fato de que Rodrigues, indicado pelo partido para compor a Mesa, tenha assinado uma medida contra dois colegas da legenda. Ele afirmou que a situação será avaliada internamente pelo partido, sem dar um parecer definitivo sobre possível punição.

Outro integrante do PL que faz parte da Mesa Diretora, Altineu Côrtes (RJ), recusou-se a assinar a cassação.

Antonio Carlos Rodrigues tem um histórico de posições contrárias à maioria dos bolsonaristas do PL. Ele votou contra o marco temporal das terras indígenas, foi um dos poucos do partido a não apoiar o pedido de urgência da anistia aos condenados pelo 8 de janeiro e votou a favor de iniciativas governamentais como o arcabouço fiscal.

Rodrigues já ocupou cargos políticos variados, incluindo mandato no Senado em 2012, após ser primeiro suplente; ministro dos Transportes até o impeachment de Dilma Rousseff; e vereador em São Paulo por quatro legislaturas, presidindo a Câmara municipal entre 2007 e 2010. Também passou por cargos executivos na administração paulista e na Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU).

No PL, ele é visto como um nome tradicional e ligado ao Centrão, próximo do presidente do partido, Valdemar Costa Neto, e estava na legenda desde a década de 1990, antes de Jair Bolsonaro filiar-se ao partido em 2022.

A defesa feita por Rodrigues ao ministro Alexandre de Moraes, considerado um dos principais alvos da direita, incluiu críticas às sanções americanas contra Moraes, chamadas por ele de “absurdas”. Em entrevistas, Rodrigues elogiou publicamente o jurista e classificou manifestações golpistas de 8 de janeiro de 2023 como vandalismo e crime contra a democracia.

Eleito em 2022 com 73.054 votos por São Paulo, Rodrigues está em seu primeiro mandato na Câmara dos Deputados.

A controvérsia envolvendo sua assinatura até já provocou discussões anteriores no PL, com o Conselho de Ética do partido afirmando que ele agiu dentro do direito à liberdade de expressão, apesar da opinião ser divergente dos demais membros.

Créditos: O Globo