Apagão em SP eleva demanda por geradores, que não suprem pedidos
O apagão que deixou mais de 1 milhão de imóveis sem energia na área da Enel em São Paulo gerou uma alta intensa na procura por geradores na capital paulista. Lojas de diversos portes têm recebido centenas de solicitações diárias, um volume que surpreende até profissionais veteranos do setor.
Na sexta-feira (12), a Folha consultou cinco locadoras e vendedoras, relatando uniformemente que mesmo os investimentos recentes não foram suficientes para suprir a demanda crescente.
No estado, cerca de 700 mil imóveis permaneciam sem energia, incluindo 482 mil na capital paulista, e a falta de previsão para o retorno intensifica a pressão sobre o fornecimento desses equipamentos.
Edimar Araujo Sousa, CEO da Multipower Geradores, conta que todos os seus 140 geradores estão alugados, metade retirada do galpão em Itaquaquecetuba nos últimos dois dias, enquanto a outra parte atende clientes industriais e comerciais, funcionando como um seguro contra faltas de energia.
No apagão ocorrido em outubro do ano anterior, que afetou 3,3 milhões de consumidores por quase uma semana, a empresa contava com 60 geradores.
“A demanda é exponencial; mesmo com investimentos em equipamentos, estrutura e veículos, não conseguimos suprir tudo. Se tivéssemos dez vezes mais geradores, ainda assim não seria suficiente. Prioritariamente atendemos idosos com respiradores e hospitais. Este apagão gerou a maior demanda entre os três recentes”, afirma Sousa.
Os geradores de até 250 kVA, usados em comércios e prédios, esgotaram-se na madrugada de quinta-feira (11).
Apesar dos preços elevados, que variam entre R$ 2.000 e R$ 10 mil por dia de locação, com custo extra de combustível em alguns casos, a procura permanece alta.
Jorge Moreno, diretor da Tecnogera, informa que recebem em média 2.500 ligações diárias, contra 50 em períodos normais, e que priorizam clientes já atendidos, pois o estoque está zerado. A empresa oferece equipamentos de 25 kVA a 5.000 kVA e atende principalmente residências e comércios.
Cândido Terceiro, da A Geradora, ressalta que clientes, principalmente do setor alimentício, têm alugado geradores mensalmente, preparando-se para novos incidentes durante o período chuvoso. A empresa mantém 30% do estoque reservados para crises.
Pequenas e médias locadoras também enfrentam alta demanda. A DWT Geradores, com filiais em Santana, Guarulhos e Itajaí, opera cem geradores, todos vendidos ou alugados atualmente.
Diogo Calor, diretor da DWT, explica que a empresa incrementalmente compra mais equipamentos conforme o investimento permite, pois eventos como este não são previsíveis. No apagão anterior, possuíam 75 unidades.
No segmento de venda, a procura aumentou menos. Willians Durante, da Gensetec, afirma que são cerca de 50 ligações diárias contra cinco normalmente, com foco em geradores pequenos para uso residencial. Os preços dos equipamentos à venda variam entre R$ 1.700 e R$ 6.500.
Créditos: Folha de S.Paulo