Política
06:06

Aprovação do governo Lula se mantém estável em 32%, aponta Datafolha

A recuperação na aprovação do governo Lula (PT), que havia sido registrada entre as duas últimas pesquisas do Datafolha, parou no novo levantamento do instituto. Atualmente, 32% dos entrevistados consideram a gestão boa ou ótima, 37% a avaliam como ruim ou péssima, e 30% a veem como regular.

Na pesquisa anterior, a aprovação era de 33%, a reprovação de 38% e o índice de regular estava em 28%. Considerando a margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou menos, o cenário se mantém estável.

No começo de setembro, o quadro era mais favorável ao Planalto, já que o índice de ótimo/bom havia subido quatro pontos em relação à pesquisa de julho. O Datafolha ouviu 2.002 eleitores em 113 cidades do país entre terça (2) e quinta-feira (4).

Entre as mudanças recentes, destaca-se que, naquele momento, Lula parecia surfar uma onda de retomada da polarização acentuada. Seu principal adversário, Jair Bolsonaro (PL), já estava em prisão domiciliar e seria condenado pelo Supremo Tribunal Federal apenas dois dias após a pesquisa anterior.

No cenário internacional, seguia intensa a disputa entre Lula e o presidente americano Donald Trump, que misturou a defesa de Bolsonaro com sua guerra comercial, impondo sobretaxas de importação ao Brasil.

No 7 de Setembro, um dia antes do início da coleta da pesquisa, na avenida Paulista foi exposta uma bandeira americana gigante, o que causou desconforto até em alguns líderes bolsonaristas.

Desde então, houve mudanças significativas: em 26 de outubro, Lula se encontrou com Trump na Malásia, iniciando uma reaproximação que já resultou na redução de algumas tarifas impostas a produtos brasileiros, com perspectiva de normalização dependendo de eventuais ações americanas na Venezuela.

Bolsonaro foi preso em 22 de novembro por descumprir a tornozeleira eletrônica, e, três dias depois, teve sua condenação a 27 anos e três meses pela tentativa de golpe em 2022 confirmada pelo Supremo Tribunal Federal.

Preso na PF de Brasília, Bolsonaro viu seu capital político diminuir, enquanto no campo da direita há disputas sobre a candidatura para as próximas eleições, com seu filho Flávio indicando uma possível estratégia para se unir a Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) ou dividir o bloco conservador.

Por outro lado, Lula enfrenta problemas no Congresso, especialmente no Senado, desde a indicação do advogado-geral Jorge Messias em substituição a Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ex-presidente do Senado e apadrinhado pelo atual presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).

No período, o presidente conquistou uma vitória ao conseguir a isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5.000, chegando a anunciar a medida em rede nacional.

No grupo de pessoas beneficiadas pela isenção — que ganham entre dois e cinco salários mínimos — a aprovação de Lula subiu quatro pontos, dentro da margem de erro para esse segmento.

Quando avaliado pessoalmente, o presidente mantém índices estáveis, com 49% aprovando seu trabalho, contra 48% na pesquisa anterior, e 48% o desaprovando, mesma taxa anterior.

Outro evento marcante foi a operação policial no Rio de Janeiro em outubro, que gerou debate complexo para Lula e a esquerda. A reação política da direita no Congresso não avançou, fator que, porém, permanece especulativo diante do desinteresse habitual nos assuntos parlamentares.

De modo geral, o Datafolha indicou manutenção dos perfis de aprovação do presidente, que refletem, em grande medida, as preferências eleitorais no país. A gestão recebe avaliação ótimo/bom maior em grupos como idosos (40%), menos instruídos (44%), nordestinos (43%) e católicos (40%).

Em contraste, segmentos com maior inclinação bolsonarista ou antipetista reprovam Lula, como pessoas com ensino superior (46%), aqueles que ganham de cinco a dez salários mínimos (53%), sulistas (45%) e evangélicos (49%).

Embora os atuais índices pareçam modestos para Lula, seu cenário político já foi pior neste mandato. No início do ano, enfrentou críticas relacionadas ao Pix e baixa popularidade, caindo de 35% para 24% de ótimo/bom entre dezembro de 2024 e fevereiro.

Ainda assim, supera os números de Bolsonaro no equivalente momento de 2021, que tinha 53% de avaliação ruim/péssima e apenas 22% de ótimo/bom, em meio à pandemia e às crises militares naquele ano.

Créditos: Folha de S.Paulo

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