Internacional
09:07

Argentina realiza eleições legislativas decisivas para governo Milei

Os argentinos vão às urnas neste domingo (26) para renovar parte do Congresso em uma eleição crucial para a agenda econômica do presidente Javier Milei.

Os eleitores acompanham a contagem regressiva para as eleições legislativas com atenção a temas como o preço dos alimentos.

Javier Milei assumiu a presidência em dezembro de 2023, quando a inflação anual da Argentina estava em 211%. Com um rigoroso ajuste econômico e cortes nos gastos públicos, a inflação caiu para 31%.

No entanto, inflação menor indica que os preços sobem menos, mas não que eles diminuíram. No principal centro comercial de frutas e legumes do país, ainda há muitas reclamações.

“É impossível viver com essa inflação”, diz uma aposentada.

Ignacio Warnes, diretor do Departamento de Economia da Universidade Católica Argentina, explica que a maioria dos planos anti-inflacionários tem um caráter recessivo e que para frear a alta dos preços normalmente há efeitos colaterais.

Ele ressalta que, embora a inflação tenha caído bastante na Argentina, o desempenho em áreas como consumo e emprego não foi positivo.

Neste cenário, o presidente Javier Milei enfrenta uma eleição determinante para o futuro do seu governo. Ele precisa assegurar um Congresso que aprove reformas econômicas e restaure confiança à sua administração, que enfrenta falta de respaldo.

Na última semana, os argentinos, como frequentemente ocorre na história do país, compraram dólares para se proteger.

Recentemente, esse comportamento levou a cotação da moeda americana ao limite máximo da faixa de flutuação. O acordo de US$ 20 bilhões firmado com os Estados Unidos na segunda-feira (20) não foi suficiente para amenizar essa preocupação.

O Banco Central argentino interveio vendendo dólares das reservas internacionais para aumentar a oferta e evitar uma alta abrupta na cotação, uma ação que contraria a proposta liberal do governo Milei.

O economista Alexandre Schwartsman observa que a estratégia de usar câmbio para controlar a inflação já mostrou ineficiência em outras ocasiões.

“Dependemos demais do câmbio como muleta, em vez de usar um instrumento mais adequado, como política monetária e regime de metas para inflação”, afirmou. “Embora a inflação tenha caído, ainda há um longo caminho para que o país consiga estabilizar de fato os preços.”

Ele acrescenta que para discutir uma inflação mais estável seria necessário ter índices anuais em dígito único, o que não ocorre há muitos anos.

Entre os argentinos, as incertezas do passado permanecem no futuro. “Aqui nunca podemos nos sentir seguros. Além disso, essa realidade não me inspira muita confiança”, afirma uma eleitora.

Créditos: G1

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