Armas de exércitos sul-americanos são encontradas em megaoperação contra o CV no RJ
Na maior operação contra o Comando Vermelho (CV) realizada nas comunidades da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro (RJ), foram apreendidos mais de 90 fuzis, incluindo armas dos exércitos da Venezuela, Argentina e Peru.
Segundo o delegado Vinicius Domingos, da Coordenadoria de Fiscalização de Armas e Explosivos, a presença de fuzis de forças armadas de vários países da América do Sul chamou atenção, embora não seja inédita. Ele destacou que os fuzis apreendidos apresentam desenhos que identificam facções, além de iniciais e apelidos, que confirmam a presença de traficantes de outros estados no Rio de Janeiro.
Um exemplo citado pelo delegado é o termo “Lampião” gravado em um fuzil, referência a criminosos do Nordeste que atuam nas comunidades cariocas. Ele ressaltou que, além do Brasil, apenas países como Colômbia e México possuem casos onde criminosos e narcoterroristas utilizam de forma ostensiva esse arsenal de guerra para dominar territórios.
A maior parte das armas possui calibres 5.56 e 7.62 e foi fabricada na Europa. A polícia suspeita de sua entrada via Paraguai.
Esses armamentos passarão por perícia detalhada para identificar fornecedores e rotas de acesso. As armas em bom estado poderão ser incorporadas ao arsenal policial.
A operação nos complexos do Alemão e da Penha resultou em pelo menos 121 mortos, entre eles 117 suspeitos e quatro policiais, conforme informações do governo estadual. O Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) utilizou uma tática que levou os criminosos a uma área de mata na Serra da Misericórdia, no limite entre os dois complexos, conhecida como “Muro do Bope”.
Na quarta-feira, 29, moradores retiraram corpos, e a Defensoria Pública do Estado registrou um total de 132 mortos. Um levantamento do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (Geni-UFF) apontou que essa foi a operação policial mais letal da história do Rio, superando a chacina no Jacarezinho em maio de 2021, quando 28 pessoas morreram durante confronto com as forças do Estado, incluindo um policial.
Créditos: Terra