Ataque a agentes da Guarda Nacional reacende alerta para violência política nos EUA
Dois agentes da Guarda Nacional foram baleados nesta quarta-feira (26) em Washington, próximo à Casa Branca, em um ataque cujas motivações ainda estão sob investigação, mas apontam para um fundo político.
O presidente Donald Trump havia determinado o envio da Guarda Nacional para a capital dos Estados Unidos em agosto, com a justificativa de combater o crime em Washington. Contudo, essa decisão foi criticada por ativistas progressistas e pela oposição democrata, que a consideraram autoritária e questionaram-na judicialmente.
Na semana passada, a juíza distrital Jia Cobb declarou que o envio da Guarda Nacional para Washington era ilegal, mas adiou a eficácia da decisão até 11 de dezembro para que a administração Trump pudesse recorrer.
A prefeita democrata de Washington, Muriel Bowser, qualificou o ocorrido nesta quarta-feira como um “ataque a tiros direcionado”.
Este ano, os Estados Unidos já foram abalados por atos de violência política, com destaque para o assassinato do influenciador conservador Charlie Kirk, que foi baleado durante um evento universitário em Utah, em setembro.
Um suspeito foi preso e as autoridades encontraram evidências de radicalização política, incluindo uma mensagem escrita em uma das cápsulas não disparadas: “Ei, fascista! Toma essa!”.
Donald Trump, que sofreu duas tentativas de assassinato em 2024, atribuiu a retórica da esquerda à violência e classificou o grupo Antifa como organização terrorista.
Poucos dias após o assassinato de Kirk, um ataque a um escritório do Serviço de Imigração e Controle de Aduanas (ICE) em Dallas, Texas, resultou em três mortes, entre elas a do autor, que cometeu suicídio, além de vários feridos.
O diretor do FBI, Kash Patel, publicou no X uma foto mostrando cartuchos de munição não utilizados com a inscrição “anti-ICE” – protestos contra o serviço de imigração motivaram o envio da Guarda Nacional para Los Angeles em junho, ação também considerada ilegal pela Justiça.
Políticos democratas também foram alvos de violência em 2025: em abril, a residência do governador da Pensilvânia, Josh Shapiro, foi invadida e incendiada; em junho, a deputada estadual de Minnesota Melissa Hortman e seu marido foram assassinados; e o senador estadual John Hoffman e sua esposa foram baleados, mas recuperaram-se.
As estatísticas confirmam o aumento da violência política nos EUA. Após a morte de Kirk, o Instituto Cato, think tank, reportou que entre o início de 2025 e setembro ocorreram 23 assassinatos motivados politicamente, o número mais alto desde 2019.
Em artigo, os cientistas políticos Ursula Daxecker, Neeraj Prasad e Andrea Ruggeri destacaram que a retórica agressiva e a polarização política fomentam a violência. Eles também apontaram a mudança na relação entre partidos e eleitores como fator relevante.
Segundo eles, partidos frequentemente dependem de influenciadores e movimentos sociais para mobilizar eleitores, em vez de organizações partidárias, o que enfraquece a seleção e formação da classe governante.
Essa dinâmica leva à eleição de candidatos focados em campanhas eleitorais contínuas, estimulando superação constante, radicalização nas posições e retórica e abrindo espaço para estratégias extremistas, inclusive comportamentos violentos.
Créditos: Gazeta do Povo