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12:10

Atiradores em praia australiana teriam ligação com Estado Islâmico, diz polícia

Dois atiradores que atacaram um evento de Hanukkah na praia de Bondi, em Sydney, viajaram para as Filipinas antes do ataque que deixou 15 mortos e aparentam ter sido inspirados pelo Estado Islâmico, informou a polícia na terça-feira (16).

O tiroteio ocorrido no domingo (14) foi o mais grave em quase 30 anos na Austrália e está sendo investigado como terrorismo contra a comunidade judaica.

Sajid Akram, 50 anos, um dos atiradores, foi baleado pela polícia e morreu. Seu filho, Naveed Akram, 24 anos, está em estado grave após também ser alvejado. Ele saiu do coma e será formalmente indiciado em breve, conforme comunicado das autoridades.

A polícia afirmou que ambos viajaram para as Filipinas no mês anterior, com o motivo da viagem ainda em investigação. Autoridades filipinas também estão apurando o caso.

Grupos ligados ao Estado Islâmico atuam nas Filipinas, principalmente no sul do país, embora sua presença tenha diminuído nos últimos anos. Eles são remanescentes mais frágeis do cerco ao município de Marawi em 2017.

Krissy Barrett, comissária da Polícia Federal Australiana, declarou que as evidências iniciais indicam um ataque terrorista inspirado pelo Estado Islâmico, realizado por um pai e filho alinhados a uma organização terrorista, não a uma religião.

O veículo registrado no nome do jovem continha dispositivos explosivos improvisados e duas bandeiras artesanais associadas ao EI, que é designado como organização terrorista pela Austrália e outros países.

Durante cerca de 10 minutos, os homens dispararam contra a multidão no festival de Hanukkah em Bondi, um popular ponto turístico, obrigando as pessoas a fugirem e se esconderem.

Cerca de 25 sobreviventes recebem atendimento hospitalar em Sydney.

O embaixador de Israel na Austrália, Amir Maimon, visitou o local do ataque e pediu medidas do governo australiano para proteger a comunidade judaica, descrevendo a situação como uma ferida profunda.

Nas últimas semanas, ocorreram diversos incidentes antissemitas no país, tornando o combate ao antissemitismo uma prioridade da principal agência de inteligência australiana.

Bondi permaneceu aberta aos banhistas, porém com movimento reduzido e um memorial de flores em homenagem às vítimas foi instalado próximo ao local dos disparos.

Ahmed al Ahmed, muçulmano e pai de dois filhos, confrontou um dos atiradores e conseguiu desarmá-lo, sendo reconhecido como herói mundialmente, inclusive pelo presidente dos EUA, Donald Trump. Campanhas para sua recuperação arrecadaram mais de 1,9 milhão de reais.

As leis de armas estão sendo revisadas pelo governo federal australiano, após confirmação de que Sajid Akram possuía seis armas registradas, com licença obtida em 2023.

Tony Burke, ministro de Assuntos Internos, afirmou que a legislação que foi endurecida após o massacre de Port Arthur precisa passar por uma nova avaliação.

O ex-primeiro-ministro John Howard ressaltou que o foco deve ser também o combate ao antissemitismo e criticou o atual governo pela resposta ao problema.

Entre as vítimas há um rabino pai de cinco filhos, um sobrevivente do Holocausto e uma menina de 10 anos, Matilda Britvan. Dois policiais permanecem em estado grave, porém estável.

A família da menina expressou profunda dor com sua perda, destacando o choque diante da tragédia.

Créditos: Folha de S.Paulo

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