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18:11

Austrália planeja endurecer leis sobre armas após massacre em Sydney

Na segunda-feira (15), a Austrália anunciou a intenção de implementar leis mais rígidas sobre armas após o pior tiroteio em massa no país em quase 30 anos. A polícia acusou um pai e seu filho de matarem 15 pessoas durante uma celebração judaica na praia de Bondi, em Sydney.

O acontecimento levantou questões sobre a necessidade de revisão da legislação local de armas, considerada uma das mais rigorosas do mundo. Segundo a polícia, o suspeito mais velho possuía licença para porte de armas desde 2015 e tinha seis armas registradas.

O primeiro-ministro Anthony Albanese comunicou que o governo concordou em endurecer as leis e trabalhar para criar um registro nacional de armas, além de rever limites de armas por licença e validade dessas licenças. Ele ressaltou que as licenças não devem ser perpétuas, pois as circunstâncias das pessoas podem mudar e há risco de radicalização.

Dos atiradores, o pai de 50 anos morreu no local, totalizando 16 vítimas fatais, enquanto o filho de 24 anos segue em estado crítico no hospital. Cerca de 40 pessoas foram hospitalizadas, incluindo dois policiais em estado grave, com idades entre 10 e 87 anos.

A polícia não divulgou os nomes, mas fontes identificaram os suspeitos como Sajid Akram e seu filho Naveed Akram. O pai chegou à Austrália em 1998 como estudante, e o filho é cidadão australiano nato. Vídeos mostraram os homens usando um rifle de ferrolho e uma espingarda.

Duas bandeiras do grupo Estado Islâmico foram encontradas no veículo dos atiradores, segundo reportagens da ABC News.

As medidas em análise pelo governo incluem restrições às licenças por tempo indeterminado, limite de armas por indivíduo, controle de tipos de armas permitidas e licenciamento exclusivo para cidadãos australianos.

Testemunhas relataram que o ataque, que durou cerca de 10 minutos em uma praia lotada numa noite de fim de semana, fez aproximadamente mil pessoas fugirem espalhando-se pela areia e ruas próximas.

Um pedestre, Ahmed al Ahmed, foi filmado enfrentando e desarmando um dos atiradores durante o evento, sendo considerado herói por salvar vidas. Ele passou por cirurgia após levar dois tiros. Uma campanha arrecadou mais de 1 milhão de dólares australianos em seu apoio.

Moradora local, Morgan Gabriel, contou que ouviu os disparos enquanto ia ao cinema, inicialmente confundindo com fogos de artifício, e viu as pessoas fugindo em pânico e abandonando seus celulares na praia.

Flores foram depositadas em um memorial improvisado em Bondi, decorado com bandeiras israelenses e australianas, enquanto policiamento patrulhava a área.

Albanese classificou o ataque como um ato de maldade, antissemitismo e terrorismo, afirmando que a Austrália está unida com a comunidade judaica para combater o antissemitismo.

Líderes mundiais, incluindo os presidentes Donald Trump e Emmanuel Macron, manifestaram condolências e apoio.

Os ataques foram os mais graves de uma série de atos antissemitas na Austrália desde o início da guerra entre Israel e Gaza, em outubro de 2023.

O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu alertou Albanese de que o apoio australiano à criação de um Estado palestino poderia alimentar o antissemitismo.

Em agosto, a Austrália acusou o Irã de orquestrar ataques antissemitas e exigiu a retirada do embaixador iraniano.

Tiroteios em massa são raros no país, que é considerado um dos mais seguros do mundo. Este foi o pior desde 1996, quando 35 pessoas foram mortas em Port Arthur, Tasmânia.

O rabino Mendel Kastel, cujo cunhado foi uma das vítimas, apelou para a mobilização da comunidade e afirmou que a ajuda da comunidade australiana será essencial para superar o episódio.

A comunidade judaica na Austrália é formada por cerca de 150 mil pessoas, com um terço residindo nos subúrbios do leste de Sydney, incluindo Bondi.

Créditos: agenciabrasil ebc

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