Baixa adesão na greve nacional dos caminhoneiros convocada para 4 de dezembro
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que até a manhã de quinta-feira (4) não recebeu nenhuma comunicação formal sobre paralisações nas rodovias do Brasil, apesar do chamado à greve feito para essa data por representantes de caminhoneiros.
De acordo com o artigo 95 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), nenhuma ação que possa interromper ou prejudicar a livre circulação de veículos e pedestres pode iniciar-se sem autorização da autoridade de trânsito responsável pela via. A PRF mantém sua rotina normal de monitoramento e rondas nos 75 mil quilômetros de rodovias federais, observando o tráfego e qualquer ocorrência anormal.
O convite para a greve foi feito nos últimos dias através de redes sociais e grupos de mensagens, com liderança da União Brasileira dos Caminhoneiros (UBC). Chicão Caminhoneiro, presidente da entidade, esteve em Brasília na terça-feira (2) para entregar na Presidência da República uma pauta com reivindicações e anunciar a mobilização nacional.
Na ocasião, Chicão estava acompanhado do desembargador aposentado Sebastião Coelho, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), que é pré-candidato ao Senado pelo Distrito Federal pelo partido Novo.
Em vídeo nas redes sociais, Chicão pediu que os participantes respeitem as leis durante a paralisação, ressaltando que não se pode impedir o direito de ir e vir das pessoas e que o livre trânsito deve ser preservado.
Porém, a adesão ao movimento foi fraca e várias outras entidades representativas da categoria manifestaram-se contra a paralisação, alegando uma politização da pauta.
Janderson Maçaneiro, conhecido como Patrola e presidente da Associação Catarinense dos Transportadores Rodoviários de Cargas (ACTRC), foi um dos apoiadores que defendeu o movimento nas redes sociais.
Em contrapartida, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística (CNTTL), por meio de nota assinada pelo presidente Paulo João Estausia, repudiou a utilização de seu nome em convocações para a mobilização. A entidade esclareceu que nenhuma de suas filiadas participou de reuniões para organizar a greve e rejeita o uso político do movimento, ressaltando publicamente sua oposição a manipulações políticas envolvendo a categoria.
Outra entidade, a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), que engloba nove federações e 104 sindicatos, afirmou desconhecer o movimento.
Wallace Landim, o Chorão, personalidade que ganhou destaque na greve de 2018, também declarou que não apoia a paralisação, devido à partidarização do movimento.
O deputado federal Zé Trovão (PL-SC), que representa caminhoneiros no Congresso, posicionou-se contra a convocação por entender que há interesse eleitoral por trás da mobilização.
A Federação dos Caminhoneiros Autônomos de Cargas do Estado de São Paulo (Fetrabens) informou que não participa, não convoca e não possui deliberação institucional relativa a paralisações ou mobilizações ligadas à situação jurídica do ex-presidente Jair Bolsonaro.
De acordo com a entidade, manifestações individuais e espontâneas nas redes sociais existem, mas não são organizadas ou apoiadas por ela.
José Roberto Stringasci, da Associação Nacional de Transporte no Brasil (ANTB), também declarou que não participa do movimento e considera que o momento não é adequado para paralisações da categoria.
Na pauta protocolada na Presidência da República, Chicão reuniu demandas setoriais como atualização do piso mínimo do frete, congelamento das dívidas da categoria e aposentadoria especial após 25 anos de atividade.
Por outro lado, Sebastião Coelho publicou um vídeo convocando simpatizantes de Bolsonaro para uma paralisação geral em defesa de uma anistia “ampla, geral e irrestrita” ao ex-presidente e aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro.
Ele afirmou que a paralisação é um último recurso após esgotadas outras tentativas, destacando que apenas segmentos como bombeiros, hospitais e ambulâncias têm limitações legais para greve.
Coelho acrescentou que a adesão inicial será pequena, mas espera que aos poucos setores se unam para fortalecer a mobilização e “resgatar o país”.
Créditos: Gazeta do Povo