Economia
08:46

Banco Central decreta liquidação do Banco Master após investigações

O Banco Central (BC) anunciou nesta terça-feira (18) a liquidação do Banco Master, colocando o grupo sob regime especial temporário por 120 dias. A única unidade preservada foi o Will Bank, devido ao interesse de investidores em adquirir o banco digital.

O anúncio veio um dia após a Fictor Holding Financeira apresentar proposta para compra da instituição liderada por Daniel Vorcaro e mais de dois meses depois do BC rejeitar a aquisição pelo BRB (Banco de Brasília).

Na noite de segunda-feira (17), o proprietário do Banco Master, Daniel Vorcaro, foi preso pela Polícia Federal (PF) em São Paulo, em operação que investiga a emissão de títulos de crédito falsos por instituições financeiras. Autoridades da PF suspeitavam que Vorcaro tentaria deixar o país, pois ele se preparava para embarcar para o exterior. A defesa nega a suspeita de fuga, alegando que o banqueiro viajava a Dubai para uma venda.

Foram liquidados o Banco Master S.A., líder do conglomerado, e a Master S/A Corretora de Câmbio, Títulos e Valores Mobiliários. Com a liquidação, depósitos serão garantidos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC).

A EFB Regimes Especiais de Empresas ficou responsável pela administração temporária, mantendo as operações, porém substituindo os dirigentes por uma entidade especializada com plenos poderes de gestão.

A oferta da Fictor incluía um consórcio com investidores dos Emirados Árabes Unidos, mas seus nomes não foram divulgados. Fontes indicam que a iniciativa de Vorcaro foi vista como estratégia diante da iminente liquidação.

O BC adota a liquidação quando avalia que a instituição financeira está em situação irrecuperável, interrompendo suas atividades e retirando-a do sistema financeiro. O afastamento imediato dos administradores ocorre, com nomeação de um liquidante.

Os bens dos ex-administradores e controladores ficam indisponíveis para apuração de responsabilidades, conforme legislação.

Liquidação não significa falência, já que o liquidante pode pedir judicialmente a falência, processo independente.

O Banco Master enfrentava dificuldades de liquidez e investigações da Polícia Federal por suspeitas de irregularidades.

Reuniões entre o BC, Master e BRB ocorreram em outubro, buscando solução para a situação. Em 7 de outubro, Vorcaro se encontrou com diretor do BC, assim como representantes do BRB nos dias seguintes.

Em setembro, o BC recusou a compra pelo BRB, que envolveria R$ 23 bilhões em ativos, avaliando risco de sucessão das operações como um fator decisivo para o veto.

Historicamente, o BC já liquidou instituições como Bamerindus, Cruzeiro do Sul e BVA. No caso do Master, a tentativa de venda antes da liquidação seguiu padrão histórico.

Durante o processo, o Banco Central enfrentou pressão política para limitar sua autonomia, com propostas na Câmara dos Deputados visando permitir cargos diretivos serem destituídos pelo Congresso.

O atual presidente do BC, Gabriel Galípolo, defende publicamente a autonomia da instituição como proteção para o país, assegurando decisões independentes das influências políticas.

Créditos: Folha de S.Paulo

Modo Noturno