Economia
18:07

Banco Central decreta liquidação extrajudicial do Banco Master

O Banco Central (BC) decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master na terça-feira, 21 de novembro de 2025, após a instituição enfrentar dificuldades financeiras e não conseguir encontrar um comprador.

O banco vinha pagando taxas muito altas para captar recursos e tomou decisões inadequadas no uso desse dinheiro, o que levou a instituição próximo do calote e da falência.

Com a liquidação, todas as operações do Banco Master foram imediatamente encerradas. A diretoria foi afastada e o BC nomeou um liquidante para controlar a instituição.

A decisão do BC e a prisão de Daniel Vorcaro, dono do banco, seguem uma série de polêmicas envolvendo a instituição.

O Banco Master operava sob risco de falência devido ao alto custo da captação e exposição a investimentos arriscados, com juros muito acima do mercado. Tentativas de venda, como a proposta do Banco de Brasília (BRB), não avançaram devido a questionamentos, falta de transparência e menções em investigações.

O banco surgiu em 1974 como Máxima Corretora de Valores e Títulos Mobiliários e expandiu sua atuação nas décadas seguintes para crédito, investimentos e gestão de recursos. Recentemente, oferecia produtos com rendimentos muito acima do mercado, atraindo muitos investidores.

Desde 2022, surgiram dúvidas sobre sua saúde financeira por causa da captação cara, exposição a ativos de risco e negociações de venda que não andavam.

Em março, o banco avançou nas negociações para vender 58% do capital ao BRB por cerca de R$ 2 bilhões, formando um conglomerado com aproximadamente R$ 100 bilhões em ativos. A operação foi monitorada por órgãos de controle, que solicitaram esclarecimentos.

Enquanto isso, o Master sofria com dificuldades de caixa e obteve uma linha de crédito emergencial de R$ 4 bilhões do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), renovada duas vezes, além de buscar compradores para seu braço digital, o Will Bank.

Na véspera da liquidação, o banco recebeu outra oferta: a holding Fictor e um consórcio dos Emirados Árabes Unidos propuseram um aporte imediato de R$ 3 bilhões e a compra das ações do fundador, excluindo o Will Bank e o Master Investimentos. Com a liquidação, a proposta perdeu validade.

O principal sinal de alerta foi a oferta de produtos financeiros com remunerações muito acima do padrão, especialmente CDBs emitidos pelo banco. Segundo o especialista Jeff Patzlaff, o problema eram as justificativas para juros tão altos.

O banco perdeu acesso a crédito barato de grandes instituições e passou a captar recursos com investidores pessoa física, oferecendo taxas elevadas para cobrir rombos operacionais.

Para pagar 150% do CDI, o banco precisava emprestar a taxas muito maiores, o que só é possível em operações de alto risco, como projetos duvidosos ou precatórios judiciais incertos.

Após o veto do BC à compra pelo BRB, o mercado desconfiou ainda mais. Muitos investidores tentaram vender seus CDBs no mercado secundário, aumentando as taxas para atrair compradores, que chegaram a 177% do CDI, contra cerca de 120% antes da crise.

Muitos clientes tiveram dificuldade para vender os títulos ou aceitaram descontos altos.

As investigações da Polícia Federal começaram em 2024 por pedido do Ministério Público Federal, para apurar a possível fabricação de carteiras falsas de crédito por uma instituição financeira.

Durante audiência no Senado, o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, informou que as fraudes que levaram à prisão do presidente e quatro diretores podem ter movimentado cerca de R$ 12 bilhões.

Foram encontrados R$ 1,6 milhão em dinheiro na casa de um investigado. A PF atua em conjunto com o BC e Coaf para apurar crimes no sistema financeiro.

Com a liquidação extrajudicial, todas as operações do banco foram encerradas, a diretoria afastada, e um liquidante nomeado para identificar bens, levantar dívidas, preservar documentos e iniciar o pagamento de credores.

Com a liquidação, todas as obrigações vencem antecipadamente e o FGC é acionado para ressarcir correntistas e investidores até o limite de R$ 250 mil por CPF ou CNPJ.

O BC conduz investigação própria sobre as causas da quebra e possíveis irregularidades.

Os bens dos controladores e ex-administradores ficam indisponíveis automaticamente para evitar transferência de patrimônio, medida que indica indícios de condutas graves.

A operação da PF investiga emissão de títulos falsos, irregularidades contábeis e pode levar à responsabilização criminal com penas que chegam a 12 anos de prisão.

Casos anteriores, como Banco Santos, Cruzeiro do Sul e Banco Nacional, seguiram caminho semelhante.

Advogados afirmam que com a liquidação, o banco fica “congelado”, sem movimentação até que o liquidante organize ativos e credores.

CDBs, LCIs, LCAs, poupança, depósitos à vista e letras de câmbio estão protegidos pelo FGC até R$ 250 mil, incluindo rendimento até o dia da liquidação.

Quem tinha valores acima desse limite entra na lista de credores e recebe pela massa falida, processo mais demorado.

Fundos de investimento são independentes do FGC e apenas mudam de administrador.

Saques e transferências foram suspensos imediatamente, e pagamentos e débitos paralisados até orientação do liquidante.

Empréstimos e financiamentos devem continuar sendo pagos normalmente, pois bancos em liquidação continuam recebendo valores de tomadores.

Devedores do banco permanecem responsáveis pelos pagamentos. A rentabilidade dos investimentos vale até o momento da liquidação.

O teto global do FGC é de R$ 1 milhão considerando garantias recebidas em outros bancos nos últimos quatro anos.

Créditos: g1

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