Brasil condena plano militar de Trump para operações terrestres na Venezuela
O governo brasileiro considera o plano do ex-presidente Donald Trump para iniciar operações militares terrestres na Venezuela uma interferência indevida. O objetivo declarado da ação seria combater narcotraficantes, mas, segundo integrantes do Itamaraty, essa movimentação fere o princípio da soberania nacional e pode gerar instabilidade na região.
Diplomatas brasileiros ressaltam que o anúncio de uma ofensiva sem negociação prévia com as autoridades de Caracas viola protocolos diplomáticos. Eles destacam que normalmente países recorrem a canais bilaterais e organismos multilaterais, como a ONU e a OEIA, antes de recorrer à força militar.
Além disso, integrantes do Itamaraty afirmam que a intervenção pode colocar civis em perigo e forçar os países vizinhos a escolherem lados, alterando sua postura diplomática em relação a Caracas. O recado que Brasília interpreta é que os Estados Unidos pretendem realmente realizar operações na Venezuela.
A declaração de Trump foi feita em 28 de novembro, durante uma videoconferência com militares americanos no Dia de Ação de Graças, transmitida de Mar-a-Lago, na Flórida. O Brasil vê com preocupação essa possibilidade de ação unilateral por terra, apontando para o risco de uma escalada “abrupta e imprevisível”.
Essa notícia surge no mesmo momento em que Trump e Nicolás Maduro tiveram uma conversa telefônica na semana anterior, segundo reportagem do The New York Times. Embora o contato tenha sido descrito como uma abertura diplomática, não houve qualquer acordo definido.
Apesar dessa reaproximação inesperada, o Brasil mantém sua apreensão. Para analistas ligados ao governo, o fato de negociar e ameaçar uma invasão ao mesmo tempo torna o risco de conflito ainda mais grave. Essa combinação de pressão militar com gestos diplomáticos pode ser vista como uma tentativa de forçar uma transição governamental ou um rearranjo de poder, aumentando as dúvidas sobre as verdadeiras motivações dos Estados Unidos, conforme avaliação do Itamaraty.
O Brasil segue acompanhando a situação de perto e procura persuadir os Estados Unidos a desistirem da ofensiva contra a Venezuela.
Créditos: Metropoles