Saúde
18:08

Brasil registra 43 casos de intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas adulteradas

O Brasil já contabilizou 43 casos de intoxicação por metanol relacionados ao consumo de bebidas alcoólicas adulteradas, com ocorrências em São Paulo e Pernambuco.

Esses casos geram preocupação quanto à segurança no consumo de bebidas alcoólicas, enquanto as investigações estão em andamento. Surge a dúvida sobre a segurança do consumo de vinhos e cervejas, que são fermentados e possuem menor teor alcoólico, e se o risco estaria restrito apenas a destilados.

Segundo Ubiracir Lima, conselheiro do Conselho Federal de Química (CFQ) e coordenador do Comitê de Apoio à Cadeia Produtiva de Insumos Químicos (CAIQ), vinho e cerveja podem conter metanol, porém quando fabricados por empresas regularizadas e com processos seguros, a chance de contaminação é baixa.

“A produção natural de pequenas quantidades de metanol durante a fermentação ocorre devido à presença de polissacarídeos na casca das matérias-primas, como uva no vinho e cereais na cerveja”, explicou Lima.

“A enzima pectinase converte esses polissacarídeos em metanol por possuir um fragmento metílico, mas essas concentrações são baixas. O Ministério da Agricultura estabelece um limite máximo para o teor de metanol. Evitar essas enzimas no processo produtivo impede a formação de quantidade relevante de metanol que possa representar risco à saúde.”

Já na fabricação de bebidas destiladas, o processo pode concentrar maior quantidade de metanol durante as etapas de destilação. “Se a destilação não for feita corretamente, separando bem início e fim, o produto pode conter níveis elevados de metanol”, afirma o especialista.

Ele destaca a importância de adquirir bebidas de fornecedores qualificados e monitorados, pois acidentes são minimizados quando o produto é obtido de empresas fiscalizadas e com profissionais capacitados.

Por enquanto, não há confirmação sobre a origem do metanol nas bebidas envolvidas nos casos: se decorre de falha no processo ou adição intencional para baratear a produção.

Os sintomas iniciais da intoxicação por metanol geralmente surgem entre 12 e 24 horas após o consumo, conforme o Ministério da Saúde. Os sinais de alerta incluem diversas manifestações clínicas.

O tratamento depende dos exames iniciais e da confirmação laboratorial. Entre as possibilidades estão o uso de corretores de acidez como bicarbonato, tratamento com vitaminas como ácido fólico e antídotos como o etanol venoso, que bloqueia a enzima álcool desidrogenase para evitar formação de metabólitos tóxicos. Esse tratamento está disponível em centros de referência do Sistema Único de Saúde (SUS).

O fomepizol também é um antídoto para intoxicação por metanol, mas não possui registro no Brasil.

Nos quadros mais graves, a hemodiálise pode ser realizada para eliminar o metanol do organismo.

Diante dos sintomas, o Ministério da Saúde orienta a busca imediata por atendimento médico em emergências para diagnóstico e tratamento apropriados.

Créditos: CNN Brasil

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