Saúde
23:07

Brasil registra 59 casos de intoxicação por metanol e amplia estoque de etanol farmacêutico

Até a tarde de quinta-feira (2), o Brasil notificou 59 casos suspeitos de intoxicação por metanol, conforme informou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em coletiva de imprensa. Destes, 11 já tiveram a presença do metanol confirmada laboratorialmente.

O ministério está orientando gestores municipais e estaduais sobre como obter etanol farmacêutico. Além disso, um estoque do produto foi estabelecido nos hospitais universitários federais, com a aquisição de 4.300 ampolas para disponibilização rápida a centros de referência e unidades de saúde que necessitem.

O metanol é um álcool industrial perigoso quando ingerido, pois é metabolizado pelo fígado em substâncias tóxicas que danificam a medula, o cérebro e o nervo óptico, podendo causar cegueira, coma e até morte, além de insuficiência pulmonar e renal. O etanol farmacêutico atua como antídoto, impedindo a conversão do metanol em ácido fórmico, uma substância ainda mais nociva.

A Anvisa identificou 604 farmácias que produzem etanol farmacêutico no país. Serão selecionadas farmácias de referência nas capitais dos estados para atender com agilidade pedidos dos gestores.

Padilha ressaltou a importância do uso rápido do etanol farmacêutico em casos suspeitos, pois sua ação compete com o metanol na metabolização, podendo minimizar efeitos graves e evitar mortes e sequelas.

O ministério instalou em Brasília uma “sala de situação” para monitorar o aumento dos casos e coordenar as ações, com participação de representantes dos ministérios da Saúde, Justiça e Segurança Pública, Agricultura e Pecuária, Anvisa, conselhos nacionais de saúde e secretarias de São Paulo e Pernambuco.

Embora a identidade oficial das vítimas não tenha sido divulgada, foram identificados alguns pacientes com relatos impactantes. Rafael Anjos Martins, 28 anos, está em coma desde 1º de setembro após consumir gin adulterado na Zona Sul de São Paulo. Outros amigos também apresentaram sintomas, como perda da visão.

A designer Radharani Domingos, 43 anos, perdeu a visão após consumir caipirinhas feitas com vodca adulterada em um bar em área nobre de São Paulo, que foi interditado. Ela passou por UTI, sofreu convulsões e permanece com a visão comprometida.

Bruna Araújo de Souza, 30 anos, ficou gravemente doente após ingerir vodca adulterada em São Bernardo do Campo, precisando de intubação e acompanhamento hospitalar contínuo. Seu namorado também foi internado com sintomas similares.

Wesley Pereira, 31 anos, ficou em coma após consumir whisky adulterado em uma festa em São Paulo, sofrendo complicações como pneumonia, falência renal e AVC, e está em tratamento intensivo.

O advogado Marcelo Lombardi, 45 anos, morreu em São Paulo após consumir vodca adulterada, com o metanol confirmado como causa da intoxicação.

O ministério também analisa o uso do fomepizol, medicamento antídoto para intoxicações por metanol e outros químicos, ainda não disponível no Brasil e que está sendo buscado junto aos produtores internacionais.

Essas ações e relatos indicam a gravidade do problema e os esforços para tratar e controlar os casos de intoxicação por metanol no país.

Créditos: g1 SP

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