Brasileiro relata atentado em praia de Sydney que deixou 11 mortos
O brasileiro Daniel Silva Gonçalves, de 19 anos, estava na praia de Bondi, em Sydney, quando terroristas iniciaram um ataque que matou ao menos 11 pessoas neste domingo (14). “Eu escutei dois barulhos. Todo mundo pensou que eram fogos, mas eu sei identificar o barulho de tiro”, disse Daniel à Folha.
Estudante de gastronomia, natural do interior do Rio de Janeiro, ele mora na Austrália há pouco mais de um ano e, como de costume nos finais de semana, pegou dois trens para chegar à praia de Bondi, uma das mais famosas e movimentadas do país. O local estava cheio devido ao calor.
Ao chegar, Daniel viu muitas pessoas e uma feira cultural. Sentou-se com uma amiga brasileira perto de uma roda de samba conduzida por compatriotas. “A gente escuta português em todo lugar aqui. Tem muito brasileiro na praia.”
Quando começou a sequência de tiros, todos correram em direção à saída da praia. Ele estava a cerca de cem metros da ponte onde, depois, dois atiradores foram rendidos. Ele avistou os homens de longe.
“Essa ponte fica perto do ‘changing room’, um banheiro para trocar de roupa e onde as pessoas tomam banho.” Em cerca de um minuto, viaturas policiais chegaram ao local, que é rotineiramente patrulhado. Após cinco minutos, cerca de 15 viaturas estavam na região, e logo um helicóptero começou a sobrevoar o local.
No caminho, Daniel viu muitas pessoas chorando, baleadas e no chão. “Foi muito triste. Vi criança chorando e pessoas com a cabeça baleada, com a cabeça explodida.”
O ataque foi considerado um “ato terrorista devastador” pelo primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese. Em cerca de 30 minutos, ainda na região da praia, Daniel já acompanhava publicações nas redes sociais alertando sobre o ocorrido.
Devido à fuga em massa e isolamento policial, ele não conseguiu solicitar carro por aplicativo e decidiu voltar a pé com sua amiga. Tentaram embarcar nos ônibus que passavam pela praia, mas não conseguiram.
Daniel chegou em casa cerca de três horas após o atentado. “Pareceu um filme de terror”, afirmou.
A polícia informou que duas pessoas foram detidas e, segundo a mídia local, um dos atiradores foi morto. Ao menos dois criminosos participaram da ação, e as autoridades investigam se um terceiro esteve envolvido.
Albanese saudou em discurso aqueles que colocaram suas vidas em risco para manter a segurança e externou condolências às vítimas e familiares, destacando a rapidez da polícia.
“Este é um ataque dirigido contra judeus australianos no primeiro dia de Hanukkah, que deveria ser um dia de alegria, uma celebração da fé. Um ato de maldade, antissemitismo e terrorismo que abala o coração da nação”, declarou o premiê.
Daniel diz que na Austrália as pessoas são bem-vindas. Apesar de discussões e manifestações acerca da guerra entre Israel e Hamas, ele nunca se sentiu inseguro ou presenciou algo semelhante ao atentado. “Os australianos são muito inclusivos.”
Créditos: Folha de S.Paulo