Chanceler alemão critica escolha de Belém para COP 30
Rodrigo Constantino comenta a repercussão no Brasil da fala polêmica do chanceler alemão Friedrich Merz. Durante um evento, Merz perguntou a jornalistas quem gostaria de permanecer em Belém do Pará, e ninguém manifestou interesse, com todos satisfeitos por retornar à Alemanha, especialmente por saírem daquele local.
A oposição usou a declaração para reforçar críticas ao COP 30, destacando os quase um bilhão gastos por Lula e a insatisfação da ONU com a organização e infraestrutura. Para muitos estrangeiros, a escolha do governo brasileiro pelo local do evento gerou desconforto.
Entretanto, o grupo petista reagiu com indignação, classificando o comentário do chanceler como preconceituoso e tentando repreender a fala. Os críticos reforçam uma visão ufanista que não aceita críticas ao Pará.
Friedrich Merz não se impressionou com a aparência superficial montada para o evento. Ele enxergou além da fachada e percebeu muita miséria e sujeira em um dos estados mais carentes do Brasil. A sensação de alívio por ter retornado à Alemanha não é preconceito, mas uma reação natural diante da realidade que ele testemunhou.
A economista Renata Barreto destaca que negar os problemas só dificulta a solução. Ela informa que Belém tem 57% da população vivendo em favelas e menos de 20% com acesso ao tratamento de esgoto. A capital do Pará está entre as piores em infraestrutura urbana no Brasil. Reconhecer a existência dos problemas é fundamental para sua resolução.
Constantino compara a situação com o turismo no Rio de Janeiro, onde o visitante encontra belezas, mas também pode ser confrontado com a dura realidade das favelas. A reação natural ao choque não é sensacionalismo, mas um reconhecimento do caos existente.
O conceito de “aldeia Potemkin” é explicado como uma fachada para ocultar problemas reais, originado da história da construção de vilas falsas para enganar a Imperatriz Catarina, a Grande. Assim, as aparências criadas pelo governo durante o evento não enganaram o chanceler alemão.
Por fim, o autor ressalta que a crítica do chanceler não é preconceito, mas um alerta sobre a realidade do Pará. Apontar falhas não resolverá os problemas, mas evita que se finja que eles não existem.
Créditos: Gazeta do Povo