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09:09

Chefes do CV planejavam comprar drone noturno para vigiar Penha

Dois líderes do Comando Vermelho (CV) no Complexo da Penha, investigados desde 2024 pela Polícia Civil do Rio de Janeiro e alvos da operação realizada na terça-feira (28), tiveram suas conversas incluídas em um inquérito da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE). Nessas conversas, discutem a compra de um drone com câmera noturna.

Com base nesse inquérito, a Justiça expediu mandados de prisão contra Carlos Costa Neves, o Gadernal, e Washington César Braga da Silva, o Grandão. Embora o governo do Rio não tenha divulgado oficialmente a lista de presos e mortos na operação, apurações indicam que Gadernal está foragido e Grandão foi preso.

Durante a interceptação autorizada pela Justiça, Gardenal ordena o lançamento de um drone sobre a favela. “Levanta o drone”, diz ele, e Grandão responde: “No alto já.” Gardenal então orienta o monitoramento de áreas específicas da Penha, afirmando: “A gente tem que se adequar à tecnologia, entendeu?”

Grandão informa que seu drone não possui câmera noturna: “De dia, nós vamos ver limpo, mas de noite nós vamos ver escuro, tá ligado?” Gardenal responde que Jonathan Hyrval Cassiano da Silva, o Bochecha Rosa, também ligado ao CV, faria a compra.

Conhecido como BX, Bochecha Rosa chefia o CV no Complexo da Mangueirinha, em Duque de Caxias, segundo a Polícia Civil. Ele é acusado de participar da morte de um PM de 35 anos em junho de 2018, cuja mãe faleceu de infarto ao reconhecer o corpo.

O Ministério Público afirma que Gadernal é gerente geral do tráfico no Complexo da Penha e liderava a expansão do CV na região da grande Jacarepaguá, junto com Edgar Alves de Andrade, o Doca, e Juan Breno, o BMW.

O inquérito revela que Gadernal exerce comando sobre a maioria dos traficantes, orientando sobre aquisição de armas, drones de vigilância e outros equipamentos para manter o CV como principal facção criminosa da região.

Grandão, também chamado Síndico do CV, tem o mesmo nível hierárquico de Gadernal na Penha, mas atuava mais na organização das escalas de plantão dos integrantes, inclusive de Doca.

Ele também orientava pontos de contenção armada e monitoramento, emitindo ordens e normas de comportamento para os traficantes nas comunidades.

A operação, a maior já realizada no estado, teve como alvo principais líderes que administravam o CV via grupos no WhatsApp, dando ordens e decidindo estratégias. Mensagens anexadas à denúncia do MP-RJ mostram grande preocupação com a segurança de Doca.

Além de Doca, fazem parte do alto escalão Pedro Paulo Guedes, o Pedro Bala, junto com Gadernal e Grandão.

O relatório da investigação inclui diálogos, fotos e vídeos, mostrando como os soldados do CV vigiavam o Complexo do Alemão e a residência de Doca, conhecida como Toca do Urso.

Ainda conforme o inquérito, membros do CV praticam tortura para punir moradores e mesmo comparsas. Uma mulher foi submetida a um banho de gelo por ser considerada “brigona” nas festas locais, prática que substituiu o antigo costume de raspar o cabelo das mulheres que brigavam.

Comparsas suspeitos de delação também são vítimas de tortura, como Aldenir Martins do Monte Junior, que foi amordaçado e arrastado por um carro para forçar confissão, e está desaparecido desde então, sendo considerado possivelmente morto.

Espancamentos são outra forma de punição, com ordens para que agressores evitem bater na cabeça para não causar mortes.

Essas informações foram obtidas no inquérito da Polícia Civil do Rio e fazem parte das investigações que deram origem à maior operação contra o CV no estado.

Créditos: UOL

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