Ciclone extratropical causa 6 mortes e danos em 86 cidades do Sul e Sudeste
Um ciclone extratropical afetou desde sexta-feira (7) a região Sul do Brasil, provocando ao menos seis mortes no interior do Paraná e causando transtornos também em partes do Sudeste no sábado (8).
Diversos incidentes foram relatados em ao menos 86 municípios de cinco estados, inclusive São Paulo, onde o ciclone perdeu força. Entre os problemas estiveram alagamentos, interdição de vias, quedas de árvores e destelhamentos.
No Paraná, as regiões mais impactadas foram as oeste, sudoeste e centro-sul. A cidade de Rio Bonito do Iguaçu, com cerca de 14 mil habitantes a 380 km de Curitiba, foi devastada por um tornado.
O prefeito Sezar Augusto Bovino (PSD) destacou que os três maiores mercados locais foram destruídos, mas pediu calma para a população, focando na reconstrução.
O tornado durou menos de um minuto, segundo moradores, e é consequência possível de ciclones extratropicais. Moradores relataram cenas de pânico e danos materiais severos, incluindo veículos atingidos por destroços.
Cinco mortes ocorreram em Rio Bonito do Iguaçu: Julia Kwapis, 14; José Gieteski, 83; Adriane Maria de Moura, 47; Claudino Paulino Risse, 57; e Jurandir Nogueira Ferreira, 49. A sexta morte, José Neri Geremias, 53, foi registrada na zona rural de Guarapuava. O governo do Paraná decretou luto oficial de três dias.
Cerca de 750 pessoas precisaram de socorro em Rio Bonito do Iguaçu e arredores, segundo a Defesa Civil, que contabilizou aproximadamente mil desalojados e 28 desabrigados na cidade.
O governo prepara abrigos emergenciais em parceria com municípios vizinhos. Estimativas iniciais apontam que 90% da cidade foi destruída, com danos como tombamentos de carros e derrubada de árvores e postes.
Ratinho Junior, governador do Paraná, decretou estado de calamidade pública e informou que buscas na área urbana foram encerradas, sem notificações de desaparecidos.
A Secretaria de Estado da Educação suspendeu a aplicação das provas do Enem neste domingo em Rio Bonito do Iguaçu.
Segundo o Simepar (Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná), o tornado foi causado por uma supercélula e inicialmente classificado na escala Fujita como F2 (ventos entre 180 e 250 km/h), posteriormente elevado para F3 (250 a 330 km/h).
O presidente Lula (PT) lamentou as perdas nas redes sociais e manifestou solidariedade às famílias e pessoas afetadas.
Uma equipe liderada pela ministra Gleisi Hoffmann (PT) foi enviada à região. Santa Catarina e Rio Grande do Sul também sentiram efeitos do ciclone.
No oeste catarinense, ventos atingiram 108 km/h e houve chuva acumulada acima de 100 mm em 24 horas. Tornados foram confirmados em Dionísio Cerqueira, Xanxerê e Faxinal dos Guedes.
O Simepar prevê sol por cinco dias em Rio Bonito do Iguaçu, com ventos moderados até segunda-feira (10).
Em São Paulo, o ciclone causou desabamentos, destelhamentos, deslizamentos, alagamentos e quedas de árvores, com ventos de até 109 km/h em São José dos Campos. O estado registrou 19 desalojados.
Na capital paulista, um desabamento parcial em Itaquera deslocou 11 moradores, mas não houve feridos. Até as 15h, Bombeiros registraram 88 chamados relacionados a quedas de árvores na região metropolitana.
No Rio de Janeiro, rajadas de vento e chuvas causaram quedas de árvores e bloqueios em rodovias na região, mas sem registros de vítimas graves. A cidade entrou no estágio 2 de monitoramento, indicando risco de ocorrências de alto impacto.
O COR-Rio informou 49 ocorrências em andamento e alertou para ressaca no mar com ondas de até 3,5 metros até domingo (9).
O Corpo de Bombeiros do Rio atendeu cerca de 70 chamados relacionados a chuvas e ventos, principalmente para remoção de árvores. Previsões indicam continuidade das rajadas até domingo e chuva fraca até a madrugada de segunda-feira (10).
Créditos: Folha de S.Paulo