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09:09

COP30 em Belém enfrenta desafios para frear o aquecimento global

A partir desta segunda-feira, 09, inicia-se a COP30 em Belém, onde 160 delegações discutirão medidas para conter o aquecimento da Terra.

Essas discussões têm como foco as práticas essenciais para cumprir o Acordo de Paris, assinado há dez anos por 195 países. Contudo, o comprometimento com as metas tem sido insuficiente para limitar o aumento da temperatura global a 1,5 grau Celsius, limite ultrapassado em 2023.

Um dos principais pontos é a apresentação das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), que detalham as metas de redução de emissões de carbono. Até o momento, apenas 69 países divulgaram seus objetivos, abrangendo cerca de dois terços das emissões globais.

Entre os maiores poluidores, Estados Unidos, que saíram do acordo durante o governo Trump, e a Índia, sob o governo de Narendra Modi, não apresentaram compromissos. A China definiu uma meta de redução entre 7% e 10% até 2035, em relação ao seu pico de emissões, sem esclarecer se esse pico já foi atingido; para alinhar-se ao Acordo de Paris, seria preciso uma redução de pelo menos 28%.

A ausência de dados completos sobre as NDCs impede estimativas claras do cenário climático futuro. Relatório recente da UNFCCC destaca a limitação das informações disponíveis, dificultando conclusões globais.

Líderes e especialistas, incluindo o secretário-geral da ONU, António Guterres, reconhecem que o planeta caminha para um aumento superior a 2 graus Celsius. Para reverter essa tendência, as emissões globais devem cair pela metade até 2030 e alcançar zero até 2050.

Apesar de um avanço histórico na reversão da curva de emissões desde a Revolução Industrial, no ritmo atual, os cortes previstos dificilmente serão atingidos. Segundo a UNFCCC, as 64 NDCs apresentadas possibilitariam apenas uma redução de 10% nas emissões globais.

Assim, os delegados da COP30 apostam na adaptação climática, que envolve financiamento para obras e medidas que minimizem os impactos das mudanças do clima, sobretudo para as populações mais vulneráveis.

Essa situação é crítica na África, devido às condições precárias que elevam a mortalidade em desastres naturais, e nos pequenos países insulares, em risco pelo aumento do nível dos oceanos.

A definição de indicadores para medir avanços na adaptação climática (GGA) será um tema central. Países desenvolvidos, responsáveis pelo financiamento, buscam critérios claros para assegurar que os recursos sejam aplicados corretamente.

O debate incluirá modelos de financiamento, transferência de tecnologia e capacitação, totalizando 1,3 trilhão de dólares anuais até 2035, valor muito superior aos 300 bilhões atualmente prometidos.

Na COP29, no Azerbaijão, foi acordado que as presidências das conferências desenvolveriam um plano para alcançar essa meta, contemplando a participação do capital privado. No entanto, espera-se resistência dos países financiadores a essa ideia.

Na COP28, em 2023, realizada em Dubai, os membros se comprometeram, pela primeira vez, a deixar de usar derivados de carvão, petróleo e outras fontes que aumentem o carbono para gerar energia.

O texto menciona uma “transição para longe dos combustíveis fósseis”, expressão que tem gerado discussões e pouca ação concreta, pois não estabelece prazos definidos.

O Brasil, entre os dez maiores produtores mundiais de petróleo, anunciou a intenção de quadruplicar a produção de combustíveis sustentáveis e convidar outros países a seguir este caminho. Simultaneamente, planeja explorar novas jazidas na Margem Equatorial, na foz do Amazonas.

Durante a Cúpula dos Líderes, o presidente Lula justificou essa postura como forma de financiar a transição energética, sugerindo a criação de um novo fundo, sem detalhar seu funcionamento.

Créditos: Veja Abril

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