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COP30 traz avanços e desafios no combate às mudanças climáticas

A COP30, realizada em Belém, elevou o nível dos debates sobre o clima, segundo André Guimarães, diretor executivo do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e Enviado Especial da Sociedade Civil.

Para Guimarães, o evento apresentou “mapas do caminho” para questões históricas como o desmatamento e a eliminação dos combustíveis fósseis, embora o plano não tenha sido totalmente incluído no acordo final homologado.

A conferência terminou com um acordo formal, mas deixou lacunas importantes no enfrentamento das mudanças climáticas. O texto final não incorporou o “mapa do caminho” para a transição energética proposto pelo Brasil e apoiado por mais de 80 países.

Essa proposta enfrentou forte resistência de países produtores de petróleo, em especial a Arábia Saudita, impedindo sua inclusão no documento oficial da COP30.

Além disso, a versão final da minuta divulgada pela ONU eliminou por completo qualquer menção aos combustíveis fósseis e removeu referências aos roadmaps para transição energética e desmatamento zero.

Esse retrocesso recebeu críticas da comunidade científica, que considerou a omissão uma “lacuna inaceitável” no compromisso mundial, afetando a ambição da COP, dado que o tema havia sido fortemente defendido.

No entanto, a COP30 apresentou avanços importantes: aprovou uma estrutura para triplicar o financiamento global para adaptação climática até 2035, conforme o acordo final.

Também definiu um novo programa de trabalho de dois anos sobre finanças climáticas e estabeleceu avaliações ministeriais periódicas.

Guimarães destacou que, apesar das negativas no texto principal, a COP30 marcou um salto qualitativo.

Em nota do IPAM, afirmou que a conferência entregou ao mundo dois mapas inéditos para avançar em questões cruciais: abriu a discussão sobre desmatamento zero e ampliou o mapeamento global dos países dispostos a eliminar os combustíveis fósseis da matriz energética.

Ele enfatizou que “nunca na história das 30 conferências do clima, o tema [combustíveis fósseis] esteve tão presente nas negociações”. A mobilização de mais de 80 países em favor do roadmap evidencia a liderança do Brasil no debate climático.

Guimarães salientou ainda os outros ganhos da COP30, como debates ampliados sobre adaptação climática, fogo, oceanos, gênero e cidades, além do fortalecimento do Fundo de Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), que alcançou US$ 6,5 bilhões em compromissos durante a conferência.

Ele também ressaltou o caráter social do evento, que teve pela primeira vez uma marcha climática recorde, com destacada participação indígena, grande presença feminina e manifestações nas áreas de negociação.

Para ele, “Belém escreve um capítulo único na história das COPs”.

Por outro lado, nem todos os participantes consideraram o consenso um sucesso. A exclusão das referências aos combustíveis fósseis gerou tensões, principalmente entre países que defendiam um plano claro de descarbonização.

O presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, afirmou que é essencial preservar o regime multilateral, alertando que a falta de consenso traria prejuízos a todos: “Se não chegarmos a um acordo […] todos vão perder”, declarou.

Créditos: CNN Brasil

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