CPMI do INSS convoca Daniel Vorcaro e Romeu Zema para depoimentos
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, criada em agosto para investigar descontos ilegais nos vencimentos de aposentados e pensionistas, convocou para depoimentos Daniel Vorcaro, proprietário do Banco Master, e Romeu Zema, governador de Minas Gerais.
Na última sessão do ano, a comissão aprovou a convocação desses dois, mas rejeitou outros pedidos para chamar lideranças políticas e executivos de instituições financeiras. A CPMI só volta a funcionar em fevereiro do próximo ano.
O vice-presidente da comissão, deputado Duarte Jr. (PSB-MA), solicitou a convocação de Vorcaro, cujo banco foi liquidado recentemente pelo Banco Central. Segundo o deputado, o Ministério Público Federal (MPF) e o INSS investigam irregularidades na concessão de empréstimos consignados pelo Banco Master. Foi aprovada também a quebra dos sigilos financeiro e telefônico do banqueiro.
O requerimento para convocar o governador Romeu Zema, apresentado pelo deputado Rogério Correia (PT-MG), foi aprovado após debate. Membros do governo citaram que a financeira Zema Crédito, Financiamento e Investimentos atua no mercado de consignados, enquanto a oposição destacou a ausência de irregularidades da empresa referente às investigações. O presidente da comissão, Carlos Viana (Podemos-MG), leu carta de Zema afirmando que não participa da administração da financeira desde 2018, quando assumiu o governo do estado.
O pedido de quebra de sigilo bancário e fiscal da financeira Zema Crédito foi negado. Correia justificou a necessidade da apuração da eventual relação entre decisões administrativas federais, interesses eleitorais e atividades da financeira.
Dos 181 requerimentos previstos para votação, foram rejeitados pedidos para convocar o ministro da Previdência, Wolney Queiroz, o atual ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, e executivos de instituições financeiras como Leila Pereira (Crefisa), Marcelo Kalim (Banco C6) e Eduardo Chedid (PicPay).
Depoimentos agendados para o secretário da Conafer, Silas da Costa Vaz, e para o presidente da Amar Brasil Clube de Benefícios, Américo Monte Júnior, não ocorreram. Vaz apresentou atestado médico por dengue e Monte Júnior ingressou com habeas corpus para não responder às questões.
Vorcaro foi preso em 18 de novembro ao passar pelo raio-x do Aeroporto de Guarulhos, quando tentava embarcar para Dubai. Recebeu voz de prisão dada por policial federal e permaneceu detido após audiência de custódia. Alegou que a viagem tinha como objetivo formalizar a venda do Banco Master a investidores estrangeiros. Foi liberado em 29 de novembro após decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, que considerou novas provas apresentadas pela defesa.
Ele foi alvo da Operação Compliance Zero, da Polícia Federal, que apura supostos crimes contra o sistema financeiro praticados por Vorcaro e outros diretores na venda do banco ao BRB (Banco de Brasília).
As investigações indicam que o Banco Master teria criado carteiras de crédito falsas e utilizado empresa de fachada para adquirir dívidas no valor de R$ 12,2 bilhões entre janeiro e maio de 2025. Esses produtos irregulares teriam sido vendidos ao BRB.
A defesa de Vorcaro afirmou que a prisão foi baseada em “expressões genéricas” e que não considerou fatos concretos ou riscos específicos a cada investigado. Sobre as carteiras falsas, a defesa declarou que elas foram adquiridas previamente junto a terceiros que atuavam na originação de créditos, prática comum no mercado.
Vorcaro deixou o Centro de Detenção Provisória II de Guarulhos após a decisão judicial que autorizou sua libertação.
Créditos: UOL Economia