Crise do Metanol Reduz Vendas de Destilados em São Paulo em 31%
A crise do metanol em São Paulo resultou em uma queda de 31% nas vendas de bebidas destiladas, como vodca e uísque, entre 28 de setembro e 4 de outubro, segundo dados da Varejo360. O escândalo envolvendo contaminação e casos de intoxicação influenciou o consumo, conforme análise de Fernando Faro, da Varejo360. Enquanto isso, as vendas de vinho permaneceram estáveis, e a cerveja teve redução de 16,2%, impactada pelo clima frio.
No Estado de São Paulo, o consumo de bebidas destiladas, que possuem maior teor alcoólico, registrou retração significativa na comparação com a mesma semana do ano anterior. Essa análise considera a emissão de notas fiscais de 33,7 mil clientes monitorados pela Varejo360, abrangendo produtos como vodca, uísque, cachaça, gim e outros destilados. O recuo nas compras foi observado entre 28 de setembro e 4 de outubro.
A queda nas vendas acompanha a revelação de uma crise de contaminação dessas bebidas por metanol e o aumento na divulgação do assunto nos meios de comunicação, inclusive com registros de óbitos associados ao consumo dos produtos adulterados.
Especificamente na categoria vodca, houve uma retração próxima a 38% nas compras em relação à mesma semana de 2024.
Durante a semana passada, o Ministério da Justiça e Segurança Pública tornou público o aumento dos casos de intoxicação por metanol em São Paulo. Paralelamente, diversas unidades produtoras de conteúdo alcoólico adulterado foram fechadas em operações policiais.
Fernando Faro, diretor operacional da Varejo360, acredita que a queda nas duas últimas semanas esteja diretamente relacionada à crise do metanol:
— A queda nas vendas de bebidas destiladas está totalmente ligada à crise. Por exemplo, a venda de vinho manteve-se estável, indicando que os consumidores evitam atualmente os destilados.
Produtores do setor têm evitado abordar publicamente a crise por receio de impactos no mercado. Segundo Faro, a retração efetiva começou na 39ª semana do ano, entre 21 e 27 de setembro, especificamente a partir da quinta-feira após o anúncio oficial e as medidas tomadas pelo Ministério.
Os dados da Varejo360 englobam compras feitas em adegas, lojas de conveniência, supermercados e outros varejistas diversos.
Além disso, o consumo das bebidas alcoólicas é diretamente afetado pelas condições climáticas. Com um inverno prolongado e mais frio este ano, a venda de vinho aumentou nos meses de julho a agosto, enquanto a cerveja apresentou queda devido ao adiamento do calor esperado, segundo Faro:
— A cerveja tem vendas muito ligadas ao clima; quando faz calor, sobe, e com frio, cai. Nas duas últimas semanas de frio, registrou-se essa desaceleração de 16,2%.
A reportagem não obteve respostas da Abras e da ABBD, associações dos fabricantes de bebidas destiladas. A Abrasel, que representa bares e restaurantes, informou que a confiança do consumidor permanece, e somente 26% dos estabelecimentos consultados relataram redução no faturamento no último fim de semana. A Abrabe não foi localizada para comentário.
Créditos: O Globo