Críticas à retirada das sanções Magnitsky a Alexandre de Moraes geram reações no Brasil
A decisão do governo americano de retirar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e sua esposa, Viviani Barci de Moraes, da lista de sanções da Lei Magnitsky provocou manifestações entre aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Diversos parlamentares da oposição expressaram insatisfação nas redes sociais, criticando o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e afirmaram sentir-se traídos e decepcionados.
O vice-líder da oposição na Câmara, deputado Maurício Marcon (Podemos-RS), declarou no X que o sentimento é de traição e especula que o suposto custo para essa decisão pode envolver negociações com o governo Lula, mencionando inclusive apoio na Venezuela. Ele também afirmou que Trump agiu pensando nos interesses dos EUA, seguindo seu slogan “America First”.
O deputado Carlos Jordy (PL-RJ) disse que a Lei Magnitsky foi banalizada por Trump e afirmou que ele se mostrou uma grande decepção. Jordy lembrou que não existe “ex-violador de direitos humanos” e lamentou que esperanças foram depositadas em alguém que tinha intenções de negociar, alertando para não terceirizar a responsabilidade.
Rodrigo Valadares (União-SE) também criticou, afirmando que o sistema se fecha em seus próprios interesses, apesar do sacrifício de Eduardo Bolsonaro.
A retirada das sanções foi anunciada em 12 de dezembro e era reivindicada pelo governo brasileiro em negociações com autoridades americanas.
A ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), atribuiu a revogação da medida a uma vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmando que essa decisão resultou de um diálogo altivo e soberano com Donald Trump, e classificou como uma derrota da família Bolsonaro, que, segundo ela, conspira contra o Brasil e a Justiça.
As sanções a Alexandre de Moraes foram impostas em julho, visando influenciar o julgamento sobre a tentativa de golpe de Estado por parte de Jair Bolsonaro. Em setembro, sua esposa e a empresa administrada por ela e seus filhos também foram incluídas na lista.
Na ocasião, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou estar trabalhando para que isso acontecesse, considerando a sanção uma pressão por anistia. No dia do anúncio do fim das sanções, ele postou no X uma nota conjunta com o influenciador Paulo Figueiredo, expressando pesar, mas também gratidão pelo apoio e atenção demonstrados por Trump durante o processo.
Eduardo e Paulo Figueiredo foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República por supostamente articular essas sanções com objetivos de influenciar o julgamento de Bolsonaro. Eduardo também se tornou réu em um processo no STF por coação relacionada ao caso.
O líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), agradeceu a Trump pela ajuda e afirmou que a aplicação da Lei Magnitsky abriu uma janela para o Brasil, ressaltando que a guerra contra a “suprema esquerda” será dos brasileiros. Ele alertou para a necessidade de reação para impedir o avanço do autoritarismo no Judiciário.
O deputado Mario Frias (PL-SP) pediu que não se buscassem culpados e evitasse-se aumentar a tensão no processo, destacando que os maiores prejudicados são os inocentes, considerados presos políticos, e o próprio Bolsonaro.
No mesmo dia, Alexandre de Moraes e Lula participaram do lançamento do canal SBT News. Moraes agradeceu a Lula pelo empenho em esclarecer a verdade sobre sua situação e a de sua esposa. Ele avaliou o fim das sanções como uma “tripla vitória” do Judiciário, da soberania nacional e da democracia brasileira, afirmando que o Brasil dá um exemplo global de democracia e força institucional.
Moraes lembrou que pediu a Lula, em julho, para não tomar medidas contra a decisão americana, acreditando que a verdade prevaleceria nas autoridades dos EUA.
Lula, por sua vez, comentou que Moraes recebeu um presente de Trump, já que o ministro faria aniversário no dia seguinte (13 de dezembro). O presidente relatou ter conversado recentemente com Trump, que lhe perguntou se a retirada das sanções seria positiva para Lula. O presidente brasileiro respondeu que não era uma questão pessoal, mas que beneficiava o Brasil e a democracia do país.
Segundo os jornais O Globo e Folha de S. Paulo, Lula enviou uma mensagem direta a Trump agradecendo a decisão.
Parlamentares aliados do governo consideraram a revogação como uma derrota ao bolsonarismo. O senador Humberto Costa (PT-PE) classificou como vitória da diplomacia de Lula e da solidez da democracia brasileira, expondo o fracasso da campanha bolsonarista que tentava deslegitimar o país no exterior.
O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, chamou a medida de derrota histórica dos “traidores da pátria” que buscavam sancionar o ministro internacionalmente.
O deputado Zeca Dirceu (PT-PR) atribuiu a vitória à “química” entre Lula e Trump, mencionando uma declaração do presidente americano na Assembleia Geral da ONU a esse respeito.
O conteúdo foi publicado pela BBC em 2025.
Créditos: BBC