Defensoria do Rio é impedida de acompanhar perícia em corpos da megaoperação
A Defensoria Pública do Rio de Janeiro foi impedida de acompanhar as necropsias das vítimas da megaoperação policial que ocorreu nos complexos do Alemão e da Penha, ação que resultou em 119 mortos, incluindo quatro policiais.
O órgão afirma que a presença de defensores públicos durante as necropsias é essencial para garantir transparência e fiscalização dos procedimentos. No entanto, a entrada dos defensores foi autorizada apenas até o pátio e outras áreas do Instituto Médico-Legal (IML), no Centro do Rio, sem permissão para acesso às salas onde ocorrem os exames.
Essa restrição gerou preocupação entre familiares das vítimas e entidades de direitos humanos, que temem a falta de controle externo sobre as perícias.
Em resposta, a Defensoria instalou uma van no pátio do IML para prestar suporte jurídico e psicológico às famílias, que aguardam a liberação dos corpos. Muitos parentes ainda enfrentam angústia e desinformação, pois não conseguiram identificar os corpos ou confirmar se eles estão entre os mortos, desaparecidos ou presos.
A Polícia Civil informou que o acesso ao IML está restrito a policiais civis e membros do Ministério Público, cumprindo as normas da ADPF 635. O trabalho é realizado por peritos oficiais da Polícia Civil, acompanhados por peritos independentes do Ministério Público, em um ambiente controlado. Todas as informações constarão nos autos do processo e estarão disponíveis para as partes envolvidas.
Além do estacionamento do Detran, equipes da Defensoria atuam no Complexo da Penha e no Hospital Getúlio Vargas. A defensora Mirela Assad, coordenadora da equipe com mais de 40 funcionários, destaca que a estrutura provisória ao lado do IML visa assegurar que nenhum familiar fique sem orientação ou apoio jurídico.
O atendimento continuará nos próximos dias, já que o resgate dos corpos ainda está em andamento.
A Defensoria também enviou um ofício à chefia da Polícia Militar solicitando as imagens das câmeras corporais e a identificação dos agentes envolvidos na Operação Contenção, buscando garantir a preservação das provas.
Créditos: O Globo