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Denúncia usa mensagens e vídeos de drone para revelar atuação do Comando Vermelho no RJ

A denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) que levou à megaoperação realizada na terça-feira (28) nos complexos da Penha e do Alemão detalha como mensagens no WhatsApp e vídeos captados por drones foram utilizados para comprovar a estrutura e funcionamento do Comando Vermelho (CV) no Rio.

O documento, elaborado com base em investigação da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), acusa 69 pessoas por associação para o tráfico e apresenta um organograma da facção com papéis definidos para cada membro.

Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca ou Urso, é apontado como a principal liderança do CV no Complexo da Penha e em outras comunidades como Gardênia Azul, Cesar Maia, Juramento, Quitungo e Alemão, algumas recentemente dominadas de grupos paramilitares. Ele segue foragido, tendo escapado da operação.

Doca lidera uma hierarquia rígida, com ordens diretas e punições severas para desobediência, e sua casa é fortemente protegida por seguranças armados com fuzis, conforme mostram imagens do relatório da DRE.

No primeiro escalão junto a ele estão Pedro Paulo Guedes (Pedro Bala), Carlos Costa Neves (Gardenal), apontados como gerentes-gerais do tráfico na área, e Washington Cesar Braga da Silva (Grandão), homem de confiança de Doca.

Mensagens interceptadas mostram Grandão obrigando autorização para execuções e, em troca de mensagens com Gardenal, ocorre discussão sobre o uso de drones para combater forças de segurança, inclusive aquisição de drone noturno.

Durante a operação, traficantes do CV utilizaram um drone para lançar bombas contra policiais.

Segundo o MP, Doca, Gardenal e Grandão usam grupos de WhatsApp para emitir ordens gerais, que incluem práticas de torturas a moradores, orientações sobre venda de drogas e determinação das escalas de plantão nas “bocas de fumo”, “pontos de visão” e “pontos de contenção”.

Outros assuntos discutidos são veículos roubados, monitoramento de viaturas, contabilidade das vendas e execuções de pessoas que contrariem interesses da facção.

Em mensagem, Gardenal ordena a execução de um “vapor” (responsável pela venda) por perdas em mercadoria ilícita.

Gardenal mantinha ainda um chat privado em uma linha telefônica secundária, usada como backup, onde enviava contatos e fotos de veículos roubados que eram vendidos a preços baixos.

BMW, outro líder, atua como gerente do tráfico na Gardênia Azul e comanda o grupo “Sombra”, responsável pela expansão do CV na Grande Jacarepaguá. Ele treina soldados do tráfico no uso de armas pesadas e controla câmeras de monitoramento no Complexo da Penha e Gardênia, algumas com sensor de movimento.

Há indícios de que BMW usa empresas de fachada para lavagem de dinheiro.

O MPRJ destaca que a análise das comunicações e registros eletrônicos foi essencial para mapear a facção e embasar os pedidos de prisão que culminaram na operação, considerada a mais letal da história do RJ, com 121 mortos, incluindo quatro policiais.

Imagens da ação mostram traficantes fortemente armados nos complexos e o uso de táticas violentas contra a polícia e moradores durante o confronto.

Créditos: G1 Rio de Janeiro

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