Departamento de Justiça dos EUA libera documentos do caso Jeffrey Epstein
O Departamento de Justiça dos EUA divulgou na sexta-feira (19/12) o primeiro conjunto de documentos ligados ao caso de Jeffrey Epstein.
Este material inclui fotos, vídeos e documentos de investigação, liberados após aprovação no Congresso americano em novembro de uma lei que exigia a divulgação completa das informações até esta data.
Apesar disso, membros do Congresso, entre democratas e alguns republicanos, acusam o Departamento de Justiça (DOJ) de não cumprir a obrigação legal, pois declarou não ser possível divulgar todos os arquivos no prazo estipulado. Muitos detalhes foram fortemente censurados nos milhares de arquivos.
Fotos e documentos envolvem personalidades famosas como o ex-presidente dos EUA Bill Clinton, os músicos Mick Jagger e Michael Jackson, e Andrew Mountbatten-Windsor, anteriormente príncipe Andrew. A presença de nomes ou fotografias dessas pessoas não indica qualquer conduta irregular, e diversas delas negaram qualquer ligação com os crimes de Epstein.
Os chamados ‘arquivos de Epstein’ somam mais de 300 gigabytes de dados, entre documentos, vídeos, fotografias e áudios armazenados no principal sistema de gerenciamento de casos do FBI.
Jeffrey Epstein foi condenado em 2008, na Flórida, por solicitar prostituição a uma menor de 18 anos. Em 2019, foi preso em Nova York por acusações de tráfico sexual, acusado de liderar uma extensa rede que explorava sexualmente meninas menores. Epstein morreu na cela meses após a prisão.
Várias imagens divulgadas mostram Bill Clinton em diferentes situações, como nadando numa piscina e deitado numa banheira de hidromassagem. Clinton foi fotografado com Epstein várias vezes nos anos 1990 e início dos anos 2000, antes da prisão do financeiro, e negou conhecimento dos crimes sexuais do magnata.
Um porta-voz de Clinton afirmou que as fotos são antigas e ressaltou que não há ligação entre Clinton e os atos criminosos atribuídos a Epstein.
Entre os documentos está também a menção ao presidente dos EUA, Donald Trump. Um processo judicial indica que Epstein teria apresentado uma menina de 14 anos a Trump em seu resort Mar-a-Lago na Flórida. Segundo o documento, Epstein teria feito um comentário jocoso sobre a menina, com Trump reagindo com um sorriso. A menina afirmou ter sido aliciada e abusada por Epstein por anos, mas não acusa Trump.
O material divulgado inclui poucas referências ao presidente, que aparece em algumas fotos, mas com participação mínima nos documentos.
Ainda restam milhares de páginas a serem analisadas e publicadas. O vice-procurador-geral Todd Blanche informou que centenas de milhares de páginas ainda estão sendo revisadas para proteger a identidade das vítimas e informações sensíveis.
Andrew Mountbatten-Windsor também aparece em uma foto divulgada, deitado sobre cinco pessoas com os rostos ocultos e com Ghislaine Maxwell em pé atrás. Andrew nega qualquer comportamento irregular ligado a Epstein.
Os novos documentos contêm diversas fotos de celebridades próximas a Epstein, como Michael Jackson, Mick Jagger, Diana Ross e o ator Chris Tucker, em vários contextos não esclarecidos, nem demonstração de vínculos diretos com Epstein.
Entre os documentos, uma das primeiras denunciantes de Epstein, Maria Farmer, tem seu depoimento relatado, afirmando que Epstein roubou fotos pessoais suas e de suas irmãs menores, além de ameaçá-la para que não usasse essas evidências.
Muitos documentos permanecem censurados para proteger vítimas e processos em andamento, conforme permite a lei.
A divulgação é apenas uma parte do material que será liberado nas próximas semanas, embora parlamentares expressem insatisfação com o ritmo do processo.
Democratas ameaçam ações contra o Departamento de Justiça devido à demora, incluindo possível impeachment e processo judicial. A lei de Transparência dos Arquivos Epstein, votada em meio a debates no Congresso, obrigou essa abertura dos documentos.
O Departamento de Justiça informa que a revisão minuciosa busca garantir proteção total às vítimas antes da liberação dos conteúdos restantes.
Créditos: BBC News Brasil