Deputado Nikolas apoiou alvo de operação da PF contra corrupção ambiental em MG
Um dos alvos do mandado de prisão da operação realizada em 17 de setembro contra crimes ambientais, corrupção e lavagem de dinheiro em Minas Gerais, Gilberto Henrique Horta de Carvalho contou com o apoio do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) para as eleições do Crea (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia) do estado.
Geógrafo de formação, Carvalho é apontado pela Polícia Federal como articulador e lobista de uma organização criminosa com influência em órgãos públicos regionais. Segundo as investigações, ele atuava como intermediador junto a órgãos ambientais e à administração pública. Dentre suas intervenções está sua atuação junto a Rodrigo de Melo Teixeira, que foi um dos diretores da Polícia Federal na gestão do presidente Lula (PT) e também foi preso nesta operação.
A defesa de Carvalho não foi localizada para comentar o caso. Procurado via assessoria, Nikolas Ferreira não respondeu até a publicação.
O pedido de apoio do deputado ocorreu no final de 2023 e foi divulgado nas redes sociais de Carvalho. Na ocasião, Nikolas afirmou: “sabemos que durante muito tempo a esquerda se aparelhou nesses conselhos e precisamos desaparelhar isso para, no final das contas, servir a quem é de direita”. Em vídeo, o então candidato disse: “para limpar o sistema de engenheiros de esquerda, vote Minas Gerais para Gilberto Carvalho”.
A prisão foi decretada pela Justiça Federal devido ao risco de destruição de provas e possível cometimento de novos delitos. Carvalho é investigado por agir como articulador, suspeito de manipular decisões administrativas e com indícios de recebimento de propina.
De acordo com a Polícia Federal, uma empresa ligada a Carvalho recebeu cerca de R$ 700 mil de uma mineradora investigada. Após isso, houve um acordo entre mineradoras e o Governo de Minas Gerais que beneficiava o grupo.
As investigações também indicam que Carvalho teria ajudado mineradoras a obter licenciamento ambiental de forma ilícita.
Além do mandado de prisão preventiva sem prazo determinado, ele foi alvo de busca e apreensão expedidos pela Justiça Federal de Minas Gerais.
Entre os presos na operação está também Caio Mário Trivellato Seabra Filho, diretor da Agência Nacional de Mineração (ANM).
O grupo investigado teria obtido lucros na ordem de R$ 1,5 bilhão, com projetos em andamento que possuem potencial econômico superior a R$ 18 bilhões. A Operação Rejeito conta com o apoio do Ministério Público Federal e da Receita Federal.
Conforme a Polícia Federal, foram cumpridos 79 mandados de busca e apreensão, 22 prisões preventivas, afastamento de servidores públicos, bloqueio de R$ 1,5 bilhão e suspensão das atividades de pessoas jurídicas envolvidas nos crimes.
O grupo teria corrompido servidores em vários órgãos estaduais e federais de fiscalização e controle nas áreas ambiental e de mineração, visando obter autorizações e licenças ambientais fraudulentas.
Servidores de órgãos como Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), ANM, Feam (Fundação Estadual do Meio Ambiente de Minas Gerais) e Semad (Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais) fazem parte da lista dos investigados.
Créditos: Folha