Deputados defendem gabinete de crise após decisão de Moraes sobre Zambelli
Deputados próximos ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), passaram a apoiar a criação de um gabinete de crise em resposta à decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que anulou a votação da Câmara favorável à manutenção do mandato da deputada Carla Zambelli (PL-SP).
Os parlamentares sugerem que Hugo Motta tome a iniciativa de procurar pessoalmente Edson Fachin, presidente do STF, e também o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A análise é que, após o revés no Supremo, a Câmara precisa revisar outras decisões delicadas, como a cassação dos mandatos dos deputados Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Alexandre Ramagem (PL-RJ).
No caso de Eduardo Bolsonaro, a Mesa Diretora já foi comunicada de que a decisão será tomada na próxima semana, após o prazo de cinco dias concedido à sua defesa.
Quanto a Ramagem, a Comissão de Constituição e Justiça deve deliberar antes de encaminhar o caso ao plenário. A proposta seria suspender o processo e aguardar a cassação por ausência. Em ambos os casos, a decisão final seria postergada para 2026.
Aliados de Hugo destacam a importância do Legislativo evitar novos embates diretos com o Judiciário para não expor ainda mais a Casa. Reservadamente, até líderes próximos a Hugo consideram que houve erro de estratégia ao levar ao plenário as cassações de Glauber Braga e Zambelli.
O grupo que conversa com Hugo Motta orienta que o foco seja mantido na votação do Orçamento — um tema considerado “neutro” — para encerrar o ano legislativo sem maiores turbulências.
A pressão sobre Hugo cresce depois de uma semana avaliada por líderes como a mais errática de 2025. Primeiro, a Casa foi surpreendida pela reversão na votação que manteve os mandatos de Glauber Braga e Carla Zambelli, ambos por insuficiência de votos. Antes, a aprovação do projeto da Dosimetria, que beneficia o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), já havia gerado desconforto interno, pois foi levado a voto sem o conhecimento dos líderes e do governo.
O gabinete de crise, defendido por deputados próximos a Hugo Motta, nasce da necessidade de baixar a tensão, reorganizar prioridades e evitar novas derrotas. Mesmo com a pressão, Hugo ainda não sinalizou se adotará a mudança de rumo proposta por seu entorno.
Créditos: CNN Brasil