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20:09

Deputados do RJ evitam comentar prisão do presidente da Alerj em sessão

A primeira sessão da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) após a prisão do seu presidente, deputado Rodrigo Bacellar (União Brasil), foi rápida, encerrada de forma súbita e praticamente sem menções ao ocorrido.

Durante a sessão, duas breves referências ao caso foram feitas: o deputado Carlos Minc (PSB) questionou a alteração na posição de parlamentares sobre um projeto relativo à poluição do ar, o que motivou uma resposta do deputado Rodrigo Amorim, do mesmo partido e aliado de Bacellar, que classificou a fala como “absolutamente irresponsável”. Amorim afirmou que a casa mantém seus trâmites institucionais e que não há ruptura institucional.

Em outra ocasião, no mesmo debate ambiental, o deputado Flavio Serafini (PSOL) foi censurado pelo presidente interino Guilherme Delaroli (PL) ao mencionar a prisão de Bacellar como uma das surpresas do dia. Delaroli, que é aliado do presidente preso sob suspeita de avisar ao ex-deputado TH Joias sobre a iminência de sua prisão, interrompeu Serafini, pedindo que o assunto não fosse tratado na sessão.

A sessão terminou com poucos deputados presentes e foi encerrada antes do previsto. Para a oposição, trata-se de uma estratégia para evitar confrontos dos deputados aliados sobre o tema.

A Alerj informou que aguarda receber a notificação oficial sobre a prisão para se manifestar. O deputado Serafini comentou que seu partido também espera obter detalhes do pedido de prisão antes de emitir posicionamento formal, embora tenha destacado a gravidade dos indícios até o momento.

Serafini apontou duas vertentes no caso: a acusação de vazamento de informações e obstrução da Justiça, e o possível envolvimento de Bacellar, ainda a ser investigado, com o ex-deputado TH Joias e o crime organizado.

A Assembleia aguarda os detalhes oficiais da prisão para deliberar sobre o tema. Segundo o regimento, os deputados podem, se quiserem, deliberar pela soltura do parlamentar, como ocorreu em outras ocasiões com presos em operações anteriores, como Cadeia Velha (2017) e Furna da Onça (2019).

Nas duas operações anteriores, foram beneficiados o ex-presidente da Alerj Jorge Picciani, Paulo Melo, Edson Albertassi, André Correa, Chiquinho da Mangueira, Marcos Vinicius Neskau e Marcos Abrahão.

O grupo político de Bacellar detém maioria entre os 70 deputados da Alerj, contudo a liberdade do parlamentar deverá depender da articulação do governador Cláudio Castro (PL), atual adversário político do presidente da Alerj.

A reportagem tentou contato com o gabinete do deputado Delaroli, sem retorno até o momento.

Créditos: Folha de S.Paulo

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