Eleição legislativa na Argentina neste domingo é decisiva para Milei
Nesta domingo, 26 de março, os argentinos vão às urnas para eleições legislativas que são cruciais para o presidente Javier Milei.
Serão escolhidos metade dos 254 deputados da Câmara baixa, totalizando 127 cadeiras, e um terço dos 72 senadores, correspondendo a 24 cadeiras.
O movimento peronista, principal grupo de oposição, possui a maior minoria nas duas casas, e cerca de metade dos seus deputados está concorrendo à reeleição neste pleito.
O partido relativamente novo de Milei, chamado La Libertad Avanza, atualmente conta com 37 deputados e seis senadores.
Em Buenos Aires, local com muitas cadeiras em disputa para reeleição, devem ocorrer as disputas mais significativas.
Especialistas políticos consultados pela Reuters afirmam que, se o partido de Milei ultrapassar 35% dos votos, isso indicaria um crescimento no seu apoio, tomando como referência os 30% obtidos por ele no primeiro turno das eleições presidenciais de 2023.
Se o percentual chegar perto de 40%, será considerado “uma eleição muito boa”, segundo Marcelo Garcia, diretor da consultoria Horizon Engage, especializada em riscos nas Américas.
As políticas econômicas de “terapia de choque” de Milei reduziram fortemente a inflação e geraram superávit fiscal, fato que agradou investidores e recebeu elogios do governo Trump.
Porém, o índice de aprovação do presidente argentino caiu, possivelmente sinalizando o desgaste da população diante do custo das medidas fiscais.
Na semana passada, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se reuniu com Milei na Casa Branca, poucos dias após oferecer à Argentina uma troca cambial no valor de 20 bilhões de dólares. Trump advertiu que o apoio futuro dos EUA dependerá do desempenho do partido de Milei nas eleições de meio de mandato.
Um bom resultado eleitoral aumentaria significativamente a representação de La Libertad Avanza nas duas casas legislativas, o que facilitaria a continuidade das reformas econômicas propostas pelo presidente.
Milei anunciou recentemente planos para implementar reformas trabalhistas que visam ampliar a força de trabalho formal, além de novos cortes de impostos nacionais, sem detalhar ainda essas medidas.
De acordo com especialistas, se em 2025 a popularidade de Milei declinar, investidores poderão começar a preparar-se para uma alternativa mais centrista ou centro-esquerdista para 2027.
Os investidores também estarão atentos para ver se Milei obtém votos suficientes para impedir que a oposição anule seus vetos no Congresso.
Nos últimos dois meses, o Congresso já derrubou vetos presidenciais referentes a projetos que aumentavam financiamento para universidades públicas, assistência pediátrica e programas para pessoas com deficiência.
Assim, o partido de Milei precisará de aproximadamente um terço dos votos em ambas as casas para bloquear futuras tentativas de derrubar seus veto.
Para isso, provavelmente terá que formar alianças, frequentemente com o PRO, partido centrista liderado pelo ex-presidente Mauricio Macri.
O apoio dos potenciais aliados dependerá do desempenho do partido de Milei nas eleições, segundo Lorenzo Sigaut Gravina, economista do think tank argentino Equilibra.
Recentemente, o índice de aprovação de Milei caiu para menos de 40%, o nível mais baixo da sua presidência até agora.
Além das preocupações com suas medidas severas, sua reputação foi afetada por investigações de corrupção envolvendo pessoas próximas, incluindo sua irmã e chefe de gabinete, Karina Milei, que está sendo investigada após vazamento de áudios que sugerem envolvimento em esquema de suborno. Milei classificou as acusações como difamação política.
Paralelamente, um candidato do partido na província de Buenos Aires renunciou devido a denúncias de corrupção, porém seu nome não pôde ser retirado da chapa a tempo.
Apesar desses desafios, o consultor político Facundo Cruz afirma que o partido de Milei tem presença nacional maior do que nas eleições legislativas de 2023.
“É inevitável que o número de cadeiras aumente”, disse Cruz, “a questão é: até quanto?”.
Créditos: CNN Brasil