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21:06

Eleições Legislativas da Argentina Avaliam Apoio às Reformas Econômicas de Milei

Neste domingo, os argentinos votaram em eleições legislativas que avaliarão o apoio às reformas econômicas e medidas de austeridade do presidente Javier Milei, além de definir se ele continuará a ter respaldo para suas mudanças econômicas.

A participação nas urnas foi de 66%, a menor desde a redemocratização do país para eleições legislativas.

O partido de Milei, La Libertad Avanza, busca ampliar sua pequena minoria no Congresso para fortalecer a confiança dos investidores em sua visão e manter o suporte do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Recentemente, Trump concedeu à Argentina um robusto resgate financeiro, mas alertou que poderia retirar apoio caso Milei não tenha um bom desempenho.

Em discurso de encerramento da campanha na quinta-feira, na cidade portuária de Rosário, Milei afirmou: “Não desistam porque estamos na metade do caminho. Estamos em um bom caminho.”

Estão em disputa metade da Câmara dos Deputados, com 127 cadeiras, e um terço do Senado, correspondendo a 24 assentos. O movimento peronista de oposição detém a maior bancada nas duas casas, enquanto o partido de Milei conta com 37 deputados e seis senadores.

A divulgação dos resultados está prevista para começar às 21h, no horário de Brasília.

Milei votou pela manhã no bairro de classe média de Almagro, em Buenos Aires, onde acenou aos presentes, mas sem conceder declarações. Em diversos locais de votação na cidade, eleitores relataram à Reuters o desejo de continuar apoiando as reformas do presidente.

Cecilia Juarez, estudante universitária de 22 anos, destacou antes de votar que “Milei está arriscando tudo para uma mudança profunda e precisa de apoio, pois não é uma tarefa fácil após anos de populismo”, referindo-se aos governos peronistas que marcaram a política argentina nas últimas cinco décadas.

Em contrapartida, o professor universitário Silvio Caballero, de 54 anos, mostrou ceticismo: “O crescimento econômico está muito lento, não sei quando seremos um país de primeiro mundo”. Ele não revelou seu voto.

A Casa Branca e investidores estrangeiros elogiaram o governo argentino por reduzir a inflação mensal de 12,8%, antes da posse de Milei, para 2,1% no mês passado. Além disso, o governo atingiu superávit fiscal e implementou medidas abrangentes de desregulamentação.

Entretanto, a popularidade de Milei caiu recentemente devido à insatisfação pública com cortes nos gastos públicos e um escândalo de corrupção envolvendo sua irmã, chefe de gabinete.

Axel Kicillof, governador da província de Buenos Aires e membro da coalizão de oposição peronista, criticou os ajustes: “O ajuste de Milei foi feito com traição e crueldade. Eles desfrutam de cada vítima dos cortes.”

Especialistas indicam que alcançar mais de 35% dos votos seria um resultado favorável para Milei, possibilitando que ele, através de alianças com outros partidos, frustre tentativas da oposição de derrubar vetos relacionados a leis que, segundo ele, ameaçam o equilíbrio fiscal argentino.

Maria Laura Tagina, cientista política da Universidad Nacional de San Martín, afirmou que o movimento peronista enfrenta um desafio maior na disputa por cadeiras do que o partido de Milei.

Após a eleição, Milei prevê mudanças no gabinete, podendo incluir integrantes do partido centrista PRO, aliado frequente no Congresso liderado pelo ex-presidente Mauricio Macri. O ministro das Relações Exteriores, Gerardo Werthein, apresentou sua renúncia na segunda-feira.

A Casa Branca acompanha de perto a eleição, especialmente pelo potencial resgate de US$ 40 bilhões concedido por Trump, que inclui um swap cambial de US$ 20 bilhões e um possível mecanismo de investimento em dívida no mesmo valor.

Após a apuração, analistas esperam uma desvalorização do peso, considerado sobrevalorizado para conter a inflação. Um desempenho inferior do partido de Milei pode resultar em ajustes mais severos na política cambial.

Créditos: CNN Brasil

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