Embaixador venezuelano ironiza Nobel da Paz de María Corina Machado
O embaixador da Venezuela na ONU, Samuel Moncada, fez um comentário irônico nesta sexta-feira (10.out.2025) sobre o Prêmio Nobel da Paz concedido à líder da oposição venezuelana María Corina Machado.
Questionado sobre a reação de seu governo à premiação, Moncada afirmou sarcasticamente que esperava que ela ganhasse o Nobel de Física, pois, em sua opinião, ela teria as mesmas credenciais para ambos os prêmios. “Talvez no próximo ano ela ganhe o Nobel de Física”, disse.
O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Jorge Rodríguez, também falou em uma transmissão da TV estatal venezuelana, TVT, enfatizando que todos os venezuelanos de bem são militantes da paz, sem citar diretamente María Corina Machado. Ele destacou que cuidar da paz é proteger a soberania do país, o solo sagrado, as famílias e cada lar venezuelano.
Até o momento, o alto comando do governo de Nicolás Maduro não se manifestou oficialmente sobre a premiação.
María Corina Machado, com 58 anos, recebeu o Prêmio Nobel da Paz de 2025 nesta sexta-feira (10.out). Antes do anúncio oficial, o secretário do Comitê do Nobel, Kristian Berg Harpviken, a telefonou. Movida pela emoção, ela agradeceu e disse acreditar que não fosse merecedora. Ressaltou que o prêmio representa o esforço de toda uma sociedade e se definiu apenas como uma pessoa.
A líder da oposição venezuelana dedicou o prêmio ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, agradecendo seu apoio decisivo à luta pela liberdade e democracia na Venezuela, e ao povo venezuelano sofredor.
O Comitê do Nobel classificou María Corina como um dos exemplos mais notáveis de coragem civil na América Latina, ressaltando que ela mantém acesa a chama da democracia em meio à escuridão crescente.
Atualmente, a Venezuela está sob um regime autocrático liderado por Nicolás Maduro, com restrições severas à liberdade de imprensa e prisões políticas frequentes. Organizações internacionais, como a OEA e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, têm denunciado abusos e irregularidades no país. Desde 2014, 7,1 milhões de venezuelanos deixaram o país, segundo relatório da Human Rights Watch.
Maduro rejeita as acusações de ditadura, afirmando que há eleições regulares, e que a oposição não consegue vencer.
As eleições presidenciais de 28 de julho de 2024 foram contestadas por parte da comunidade internacional. María Corina Machado foi impedida de assumir cargos públicos por 15 anos devido a alegadas irregularidades e apoio a Juan Guaidó, decisão confirmada pelo Supremo Tribunal em janeiro de 2024.
Machado indicou Corina Yoris como sua substituta, mas ela não conseguiu registrar candidatura devido a uma suposta falha no sistema eleitoral. O diplomata Edmundo González tornou-se o principal candidato da oposição.
O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela, controlado pelo governo, anunciou a vitória de Maduro e confirmou os resultados, porém não divulgou os boletins de urna, nem há previsão disso.
O Centro Carter, respeitada organização fundada pelo ex-presidente dos EUA Jimmy Carter, declarou que as eleições venezuelanas “não foram democráticas”.
Os resultados foram contestados por União Europeia e diversos países, incluindo Estados Unidos, México, Argentina, Costa Rica, Chile, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai.
Créditos: Poder360