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18:06

Entenda o potencial do míssil Tomahawk na guerra entre Rússia e Ucrânia

O encontro entre Donald Trump e Volodymyr Zelensky na Casa Branca nesta sexta-feira (17) intensifica os esforços do presidente ucraniano para solicitar mais armamentos aos Estados Unidos, visando o conflito contra a Rússia.

Dentro do arsenal americano, Zelensky foca especialmente no míssil Tomahawk, que pode realizar ataques de maior profundidade em território russo e atingir a infraestrutura militar do Kremlin.

Após anunciar o fim da guerra em Gaza, Trump voltou a se concentrar no leste europeu e indicou a possibilidade de enviar esse armamento à Ucrânia, principalmente como forma de pressionar Vladimir Putin diante do impasse e da dificuldade para encerrar o conflito de quase quatro anos na região.

Mas qual o impacto que o Tomahawk poderia causar aos russos, caso fosse fornecido à Ucrânia?

O Tomahawk é um míssil com alcance máximo de cerca de 2.400 quilômetros. Para efeito de comparação, a distância entre Kiev e Moscou é próxima de 800 quilômetros.

O professor Sandro Teixeira Moita, da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, esclarece que este projétil é utilizado pelos americanos há décadas. “Os EUA usam o Tomahawk desde sua primeira versão, em 1990, durante a primeira Guerra do Golfo. Desde então, tornou-se um dos armamentos mais importantes do arsenal americano, a ponto de ser capaz de ser equipado com ogivas nucleares”, explica.

Apesar dessa capacidade, atualmente os Tomahawks levam apenas carga explosiva convencional, o TNT. Não há indícios de que estejam armados com ogivas nucleares, o que aumentaria muito a gravidade do conflito.

O Tomahawk é um armamento tecnologicamente avançado, desde sua propulsão a jato até a detonação precisa no alvo.

Na prática, funciona como um avião autônomo que se dirige ao alvo. É impulsionado por um motor a jato menor e possui asas para sustentação no ar.

Quando bem operado, um sistema avançado de GPS faz o míssil explodir a poucos metros do local desejado.

Embora seja frequentemente lançado de submarinos e navios de guerra, o Tomahawk também pode ser disparado de plataformas terrestres, aumentando sua mobilidade e possibilitando ataques a partir de locais inesperados para o inimigo.

Além disso, os lançadores terrestres podem ser escondidos no campo, o que protege o equipamento em eventuais retaliações.

Diferente de aviões militares e outros mísseis de cruzeiro, o Tomahawk utiliza combustível sólido, semelhante ao de foguetes espaciais.

Esse tipo de combustível não se degrada facilmente como os líquidos e pode ser armazenado dentro dos mísseis continuamente, evitando atrasos logísticos e permitindo respostas rápidas a ataques.

“Os mísseis Tomahawk são caros justamente pela tecnologia que incorporam. Sua precisão vem das múltiplas capacidades de navegação que garantem atingir o alvo. E devido à capacidade da carga explosiva, é um míssil bastante eficiente, embora seu custo elevado e a complexidade da tecnologia limitem sua produção”, detalha o professor Sandro Teixeira Moita em entrevista à CNN.

Cada unidade custa em média cerca de R$ 13,5 milhões. O míssil não é reutilizável, pois explode ao atingir o alvo.

Sua rota pode ser ajustada em voo com o sistema GPS, permitindo desviar de obstáculos como montanhas e evitar áreas civis, como hospitais e residências.

Na Ucrânia, militares têm experiência com sistemas similares de projéteis de longo alcance, o que facilitaria a operação do Tomahawk, especialmente o lançamento, porém treinamento seria necessário caso os EUA enviassem o armamento.

O Tomahawk também é conhecido por sua capacidade de evitar radares inimigos, devido a sua velocidade e altitude de voo.

Ele alcança cerca de 885 km/h, que representa aproximadamente 70% da velocidade do som. Essa rapidez dificulta a detecção e interceptação no ar.

Voando em baixa altitude, o míssil também evita radares de defesa aérea, o que poderia ser um desafio significativo para os russos, caso usados para ataques profundos.

O presidente Vladimir Putin minimizou a ameaça, afirmando que os projéteis poderiam ser facilmente abatidos.

O professor Sandro Teixeira Moita comenta que essa resposta pode ser parte de uma retórica para tentar dissuadir os americanos de entregar os mísseis à Ucrânia.

Ele ressalta que o Tomahawk poderia impactar o confronto no leste europeu, mas para alterar a dinâmica do conflito, seria necessário que os EUA entregassem um grande número de unidades.

“A Rússia possui sistemas avançados de defesa aérea, mas que nunca foram testados contra uma salva de mísseis Tomahawk”, conclui o especialista.

Créditos: CNN Brasil

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